Alexandre Mattos revela detalhes de divisão no vestiário do Cruzeiro

A gestão de futebol exige um equilíbrio sensível entre o fortalecimento técnico e a manutenção da harmonia interna. Recentemente, Alexandre Mattos, profissional que esteve à frente do departamento de futebol celeste e hoje atua no Santos, trouxe à tona detalhes sobre os desafios enfrentados nos bastidores da Toca da Raposa. Em entrevista concedida ao Podcast Denílson Show, o dirigente explicou como a transição para uma fase de maiores investimentos gerou ruídos entre os atletas que já compunham o grupo.

De acordo com Mattos, o cenário era de transição após o retorno do clube à elite nacional. ?O Cruzeiro vinha de um processo de reconstrução. Permaneceram muitos jogadores que foram campeões e tiraram o Cruzeiro de três anos na Série B. Quando Pedrinho e eu entramos, em maio de 2024, já havia um grupo formado, mas a exigência da torcida era de investimento. A torcida imaginou que o Pedrinho ia ?socar? dinheiro no clube?, relatou o gestor, contextualizando a pressão externa por nomes de impacto.

A estratégia adotada pela diretoria visava atender ao anseio dos torcedores e elevar o patamar competitivo da equipe. Mattos detalhou a tomada de decisão: ?Eu e Pedrinho falamos: ?temos que comprar jogadores, senão essa euforia vai por água abaixo?. E assim fizemos: entre maio e junho, compramos Matheus Henrique, Walace, Kaio Jorge, Cássio ?. No entanto, essa movimentação agressiva no mercado trouxe consequências imediatas para o relacionamento cotidiano entre os jogadores.

Impacto das contratações no vestiário da Raposa

A chegada de novos titulares, acompanhada de especulações financeiras, alterou a dinâmica do elenco. O dirigente não omitiu que houve um distanciamento interno causado pelas circunstâncias. ?Começou a haver um certo desentendimento dentro do grupo. Não é vaidade, mas começa aquela coisa de internet, de que ?fulano está ganhando não sei quantos milhões?. Os caras que estavam bem e jogando, pensaram: ?E nós aqui??. O time estava bem e, de repente, trazem novos nomes. Aí o treinador tem que colocar. Por que tem que colocar? ?Ah, porque o Pedrinho e o Mattos trouxeram??, desabafou Alexandre Mattos.

Para ilustrar o montante de mudanças citadas pelo dirigente naquele período, veja os principais nomes que chegaram para reforçar o plantel sob sua gestão:

Essa instabilidade emocional no grupo é um fator que a diretoria busca evitar nos próximos ciclos, especialmente com as novas metas estabelecidas para o futuro breve do clube. O equilíbrio entre quem conquistou o acesso e quem chega para dar o salto de qualidade continua sendo o maior desafio da cúpula mineira.

Movimentações de mercado e a nova era com Tite

Olhando para o planejamento futuro, o Cruzeiro já projeta a temporada de 2026 com mudanças estruturais profundas. A confirmação de que Tite assumirá o comando técnico da Raposa sinaliza uma nova filosofia de trabalho, focada em resultados de alto nível e na gestão de elencos estrelados. A expectativa é que o treinador utilize sua experiência para mitigar os problemas de integração relatados por Mattos no passado.

No que diz respeito ao mercado da bola, o nome de Vitão, zagueiro do Internacional, figura como uma das prioridades atuais. O clube mantém insistência na contratação para reforçar o setor defensivo. Paralelamente, o caso de Gabigol gera debate entre os torcedores. O atacante, que não deve permanecer na Toca, está em conversas avançadas com o Santos. O modelo de negócio por empréstimo, no entanto, tem sido alvo de críticas por parte da torcida cruzeirense, que esperava um desfecho diferente para o atleta.

O Cruzeiro encerra o ciclo de 2025 com o olhar atento às lições deixadas pelas gestões anteriores. A necessidade de reforçar o time sem comprometer a unidade do vestiário será o principal guia para as decisões que Tite e a diretoria tomarão na montagem do grupo para os próximos desafios nacionais e internacionais.