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Condenação de Ex-Presidente do Cruzeiro por Terno de R$10 Mil: Detalhes da Sentença e Outras Irregularidades
Por Redação Raposa Azul em 08/08/2025 17:42
A Justiça de Minas Gerais proferiu uma sentença desfavorável a Wagner Pires de Sá, antigo presidente do Cruzeiro Esporte Clube. Ele foi compelido a restituir ao clube a quantia de R$ 25.245,59, valor que se refere à aquisição de um artigo de vestuário de alta costura, efetuada por meio de um dos cartões empresariais da agremiação. Este incidente se deu durante o período em que o empresário esteve à frente da gestão, entre dezembro de 2017 e o mesmo mês de 2019.
A decisão, emanada da 30ª Vara Cível de Belo Horizonte, estabeleceu de forma inequívoca que o então dirigente solicitou a um funcionário do clube que procedesse com a compra do terno, cujo custo original era de R$ 10.004,24. O montante final a ser devolvido ao Cruzeiro engloba não apenas o valor original, mas também correções monetárias, despesas processuais e honorários advocatícios.
Ressarcimento Imposto: Detalhes da Condenação Judicial
Como medida para assegurar a quitação do débito, a determinação judicial prevê o bloqueio mensal de 20% da aposentadoria de Wagner Pires de Sá, mantendo-se tal retenção até que a integralidade do valor devido seja ressarcida. A equipe de reportagem buscou contato com os representantes legais do ex-presidente para obter um posicionamento, porém, até o momento da publicação desta matéria, não houve retorno.
Este processo, que resultou em veredito favorável ao clube, não representa a única pendência judicial movida pelo Cruzeiro contra seu antigo mandatário. Existe outra ação em curso que busca a recuperação de R$ 72.002,79, referente a despesas consideradas impróprias, efetuadas com cartões de crédito corporativos.
Ambos os montantes citados inserem-se no espectro de R$ 80.777,18 em gastos com cartões corporativos do Cruzeiro , registrados entre os anos de 2018 e 2019. Tais despesas foram categorizadas no relatório da Kroll como "pessoais e não condizentes com as atividades performadas pelo clube", evidenciando um padrão de uso questionável dos recursos da instituição.
O Legado Conturbado: Investigação e Queda da Gestão Pires de Sá
A ascensão de Wagner Pires de Sá à presidência do Cruzeiro ocorreu em dezembro de 2017, com um mandato que, em tese, se estenderia até o final de 2020. Contudo, sua gestão foi abruptamente interrompida por sua renúncia no final de 2019, em meio a uma série de investigações profundas que pairavam sobre sua administração e, simultaneamente, ao inédito rebaixamento da equipe para a Série B do Campeonato Brasileiro.
No início de 2019, a Polícia Civil de Minas Gerais deu início a um inquérito para investigar acusações de falsificação de documentos, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, questões que vieram à tona por meio de reportagem televisiva.
A base para o inquérito reside em um balancete contábil analítico, que detalhou pagamentos efetuados pelo Cruzeiro ao longo de 2018. A investigação jornalística aprofundou-se, obtendo acesso a quase duas centenas de páginas de contratos e planilhas de controle interno. Esses documentos revelaram indícios de que a diretoria cruzeirense teria desrespeitado normativas da FIFA e da CBF, tanto no âmbito esportivo quanto em relação a regulamentações governamentais.
Desvios e Vínculos Suspeitos: Gastos Revelados na Gestão
Um dos casos mais graves destacados foi um empréstimo formalizado pelo Cruzeiro com um empresário, que envolvia a cessão de direitos econômicos de atletas como garantia para o pagamento de R$ 2 milhões. Esta prática é expressamente proibida pela Federação Internacional de Futebol (FIFA).
Os documentos examinados também trouxeram à luz pagamentos realizados pelo Cruzeiro a organizações de torcidas e indivíduos que, à época, mantinham vínculos com elas, levantando questões sobre a destinação de recursos do clube.
Outro ponto que gerou grande repercussão foram os vencimentos de membros da diretoria, mesmo diante de uma dívida do clube que já se aproximava da casa do meio bilhão de reais naquele período. A remuneração de diretores da época, conforme apurado, era considerável:
Diretor | Cargo | Detalhes da Remuneração |
---|---|---|
Itair Machado | Vice-Presidente de Futebol | Salário mensal de R$ 180.000, com previsão de dobro do valor ao fim de cada ano. Em fevereiro de 2018, recebeu R$ 540.000 à vista por serviços retroativos (out-dez/2017). |
Sérgio Nonato | Diretor | Salário mensal inicial de R$ 75.000. Recebeu luvas de R$ 300.000. No fim de 2018, seu salário foi reajustado para R$ 125.000 mensais. |
A condenação de Wagner Pires de Sá por despesas consideradas pessoais, somada às diversas outras irregularidades financeiras e investigações que marcaram sua administração, reforça a complexidade do período e a necessidade de transparência na gestão de um clube com a magnitude do Cruzeiro .
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