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Cruzeiro 1996: O Título Que Abala o Palmeiras Até Hoje | Memórias da Copa do Brasil
Por Redação Raposa Azul em 22/06/2025 16:01
Vinte e nove anos se passaram desde um dos capítulos mais marcantes na gloriosa trajetória do Cruzeiro Esporte Clube: o bicampeonato da Copa do Brasil de 1996. Contudo, a passagem do tempo não esmaece a magnitude daquela conquista, especialmente quando a perspectiva é revelada por quem esteve em campo. O ex-volante Ricardinho, peça fundamental na equipe celeste daquele ano, trouxe à tona detalhes que sublinham não apenas a grandeza do feito, mas também o impacto duradouro que ele provocou nos adversários.
Aquele Palmeiras, comandado por Vanderlei Luxemburgo, era um verdadeiro esquadrão, recheado de atletas de renome, amplamente considerado uma seleção de craques. A expectativa geral, antes do confronto decisivo, pendia esmagadoramente para o lado paulista. O desfecho, porém, reservou uma reviravolta digna de roteiro cinematográfico, cravando uma lembrança indelével na memória dos envolvidos.
O Grito de Campeão que Calou o Gigante Verde
A percepção antes da grande final era de um massacre iminente. Ricardinho recorda que a atmosfera era de que o Cruzeiro seria goleado, tamanha a confiança no poderio alviverde. ?Para saber qual a goleada que a gente ia tomar. Se era quatro, três, cinco. Parece que já tinha montado o lugar para a festa do Palmeiras, já tinham feito tudo?, revelou o ex-jogador, descrevendo o cenário de prepotência que antecedia a partida.
O efeito da derrota para o poderoso Palmeiras foi tão profundo que, segundo Ricardinho, ecoa até os dias atuais. Em um encontro posterior com Djalminha, um dos astros daquele time palmeirense, a conversa trouxe à luz a persistência daquela ferida. ?Encontrei com o Djalminha uma vez, na ESPN, ele falou que até hoje sofrem com aquele título?, confessou o ex-volante, evidenciando que a dor daquela noite no Parque Antárctica ainda persiste na memória dos vencidos.
A celebração em Belo Horizonte, após o retorno dos campeões, foi um espetáculo à parte, superando até mesmo a euforia de outras grandes conquistas. "Conseguimos a vitória surpreendente para todo mundo. Quando descemos no aeroporto e fomos para o Centro da cidade, a festa foi maior do que na Libertadores, para se ter ideia. A quantidade de pessoas que estava lá, era muita gente?, narrou Ricardinho, descrevendo a dimensão do êxtase que tomou conta da capital mineira. A intensidade foi tamanha que a saída dos jogadores do caminhão de bombeiros, em meio à multidão, exigiu escolta policial: ?Para sair, irmos embora (da festa no Centro de Belo Horizonte), tivemos que ir no carro da polícia para retirar a gente do caminhão (do Corpo de Bombeiros). Saímos escondidos, foi uma loucura. Impressionante. Aquele dia foi absurdo. Comemoração fora do comum. Cruzeirense jamais esquece esse título?.
A Estratégia Vitoriosa no Gramado Paulista
A jornada rumo à taça teve seu ápice nas duas partidas finais. No primeiro confronto, realizado no Mineirão, o Cruzeiro conseguiu um empate em 1 a 1, um resultado que, para muitos, já era surpreendente diante do adversário. A verdadeira façanha, contudo, seria construída no jogo de volta, no antigo Parque Antárctica, em São Paulo.
Naquele dia 19 de junho de 1996, a Raposa operou a virada. Luizão abriu o placar para o Palmeiras, reforçando o prognóstico inicial. Mas o Cruzeiro , com determinação e uma atuação memorável, especialmente do goleiro Dida, que realizou defesas históricas, conseguiu reverter o cenário. Roberto Gaúcho e Marcelo Ramos foram os heróis da virada, selando o placar em 2 a 1 para o time celeste e garantindo a taça.
A Trajetória Implacável Rumo à Glória
A campanha que culminou no bicampeonato foi pavimentada por uma série de confrontos desafiadores. Na fase inicial, o Cruzeiro superou o Juventus do Acre, com um empate fora de casa e uma goleada convincente em Belo Horizonte. Nas oitavas de final, um dos momentos mais marcantes: a equipe celeste impôs um sonoro 6 a 2 sobre o Vasco da Gama em pleno São Januário, garantindo a classificação com um empate na volta.
As quartas de final trouxeram o Corinthians como adversário. O Cruzeiro novamente demonstrou sua força, vencendo por 4 a 0 no Independência, e mesmo com a derrota por 3 a 2 no Pacaembu, avançou na competição. A semifinal foi outro teste de fogo contra um gigante: o Flamengo. A vaga para a grande final foi assegurada pelo critério do gol qualificado fora de casa, após um empate em 1 a 1 no Maracanã e um 0 a 0 no Mineirão.
A consagração veio na final contra o Palmeiras, então patrocinado pela Parmalat e repleto de estrelas como Djalminha e Rivaldo. A vitória por 2 a 1, de virada, em um palco hostil, coroou uma campanha de superação e talento, que se tornou um marco na história do futebol brasileiro.
Um Marco na História Celeste e o Legado da Copa
A vitória de 1996 não foi apenas um título; foi a consolidação de uma vocação. O Cruzeiro , que já havia conquistado a Copa do Brasil em 1993 sobre o Grêmio, firmou-se ali como um especialista no torneio de mata-mata. Atualmente, o clube ostenta o recorde de seis troféus da competição, com as conquistas subsequentes em 2000, 2003, 2017 e 2018, solidificando sua posição como o maior campeão do certame nacional.
A Ressonância de Uma Conquista: Transmissão e Celebração
A dimensão daquela decisão foi amplificada pela transmissão televisiva. O SBT, detentor dos direitos da Copa do Brasil em 1996, levou a epopeia celeste para milhões de lares brasileiros. A narração icônica de Silvio Luiz e os comentários perspicazes de Orlando Duarte, complementados pelas reportagens de Antônio Pétrin e Luiz Ceará, imortalizaram cada lance daquele confronto no Parque Antárctica.
A festa que se seguiu à conquista em Belo Horizonte foi um testemunho da paixão do torcedor cruzeirense. O Centro da cidade transformou-se em um mar azul, com a população celebrando de forma efusiva, uma demonstração de amor e gratidão que se compara às maiores manifestações de alegria da história do clube.
Ficha Técnica das Finais: Detalhes da Batalha Histórica
Cruzeiro 1 x 1 Palmeiras ? Jogo de Ida
Equipe | Escalação | Técnico |
---|---|---|
Cruzeiro | Dida; Vitor, Jean, Célio Lúcio e Nonato; Fabinho, Ricardinho, Ueslei (Roberto Gaúcho) e Palhinha; Marcelo Ramos e Cleison (Luis Fernando). | Levir Culpi |
Palmeiras | Veloso; Gustavo, Cláudio, Cléber e Júnior; Galeano, Amaral, Marquinhos e Elivélton (Reinaldo) (Júnior II); Rivaldo e Luizão. | Vanderlei Luxemburgo |
Gols: Cláudio (12' 1ºT) e Marcelo Ramos (16' 2ºT) Público: 68.763 pagantes Renda: R$966.415,00 Motivo: Jogo de ida da decisão da Copa do Brasil Data: 14 de junho de 1996 Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte Árbitro: Antônio Pereira da Silva (GO)
Palmeiras 1 x 2 Cruzeiro ? Jogo de Volta
Equipe | Escalação | Técnico |
---|---|---|
Cruzeiro | Dida; Vítor, Gélson Baresi, Célio Lúcio e Nonato; Fabinho, Ricardinho, Palhinha (Edmundo) e Roberto Gaúcho; Marcelo Ramos e Cleisson. | Levir Culpi |
Palmeiras | Velloso; Cafu, Sandro Blum, Cléber e Júnior; Cláudio (Reinaldo Rosa), Amaral, Marquinhos e Rivaldo; Luizão e Djalminha. | Vanderlei Luxemburgo |
Gols: Luizão (6' 1ºT); Roberto Gaúcho (25' 1ºT) e Marcelo Ramos (36' 2ºT) Público: 29.139 Renda: R$ 329.159,00 Motivo: Jogo de volta da decisão da Copa do Brasil Data: 19 de junho de 1996 Estádio: Palestra Itália, em São Paulo Árbitro: Sidrack Marinho (SE)
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