Cruzeiro e Jardim: A Caminhada para a Liderança no Brasileirão Após 11 Anos

Enquanto o foco global se voltava para as potências do futebol nacional no Mundial de Clubes, como Palmeiras, Flamengo, Fluminense e Botafogo, o retorno do Campeonato Brasileiro evidenciou uma força crescente em Belo Horizonte. O Cruzeiro, sob nova direção técnica e com uma gestão renovada, demonstrou sua capacidade de retomada do protagonismo. A recente e imponente goleada por 4 a 1 sobre o Grêmio no Mineirão é um testemunho claro dessa ascensão, consolidando a correção de rota promovida pela diretoria com a chegada do técnico português Leonardo Jardim.

Atualmente na segunda posição, com os mesmos 27 pontos do Flamengo ? que, contudo, possui um jogo a menos ?, a equipe celeste vislumbra a possibilidade de reassumir a liderança do Brasileirão após um hiato de 11 anos. O cenário ideal para a Raposa envolve um resultado desfavorável ao rubro-negro carioca contra o Santos, na Vila Belomiro, na próxima quarta-feira, combinado com uma vitória crucial diante do Fluminense, o representante brasileiro de melhor desempenho no Mundial, no dia seguinte, em embate no Maracanã.

Alcançar o topo da tabela era, até bem pouco tempo, uma ambição distante para o Cruzeiro . Após três temporadas consecutivas na Série B, o clube se habituou a uma posição intermediária durante seu complexo processo de reconstrução. A aquisição da SAF por Ronaldo Fenômeno gerou expectativas de dias mais prósperos, mas é sob a liderança de Pedro Lourenço, agora acionista majoritário, que o torcedor cruzeirense verdadeiramente visualiza voos mais audaciosos e a concretização de sonhos maiores.

A Virada de Chave: O Impacto de Pedro Lourenço e a Chegada de Jardim

Com uma postura notavelmente mais audaciosa que seu antecessor, Pedro Lourenço não se furtou a expor seu fervoroso lado torcedor quando o assunto é o Cruzeiro . O empresário do setor supermercadista injetou recursos substanciais na equipe celeste, culminando na formação de um dos elencos mais qualificados do país. Contudo, o percurso rumo ao êxito no Brasileirão exigiu intervenções e modificações drásticas.

Um dos arquitetos dessa notável campanha do Cruzeiro é, sem dúvida, o técnico Leonardo Jardim. O experiente português de 50 anos assumiu o comando da equipe em fevereiro, substituindo Fernando Diniz. O início de sua jornada não foi isento de percalços, marcado por uma eliminação na semifinal do Campeonato Mineiro e uma vexatória saída na primeira fase da Sul-Americana. No entanto, sua metodologia de trabalho começou a render frutos de forma consistente ao longo do Campeonato Brasileiro.

Apesar da evidente boa fase, Jardim mantém uma postura ponderada ao ser questionado sobre as projeções para o título. Em suas próprias palavras, o treinador enfatiza a cautela necessária em momentos de ascensão:

"Neste momento nós temos os nossos objetivos bem definidos. Como já falei, não podemos criar expectativas que o Cruzeiro foi feito para ser campeão. O Cruzeiro foi feito para ser competitivo e chegar à Libertadores. Este é o grande objetivo proposto pelo clube"

, declarou o técnico após a expressiva goleada no Mineirão.

Gestão de Elenco: Decisões Cruciais e Saídas Estratégicas

Antes que o Cruzeiro alcançasse o patamar de destaque no Brasileirão, Leonardo Jardim enfrentou o desafio de gerenciar momentos de tensão no vestiário. O treinador tomou a decisão de barrar Dudu do time principal, o que gerou uma reação pública do atleta. Após citar "questões internas", o técnico presenciou o atacante solicitar sua saída do clube em apenas quatro meses. Outros nomes de peso, como o atacante Gabigol e o lateral Fagner, também foram relegados ao status de reservas sob a batuta do português, evidenciando a primazia do coletivo sobre individualidades.

Dudu , em particular, havia sido uma contratação impulsionada pelo CEO Alexandre Mattos, com quem já havia colaborado no Palmeiras e que insistiu na vinda do atacante de 33 anos. A saída do jogador para o rival Atlético-MG, no entanto, resultou na perda de prestígio do dirigente. Paralelamente, Leonardo Jardim expandiu sua influência em outras esferas do departamento de futebol cruzeirense. Diante da diminuição de seu espaço e poder de decisão, Mattos aceitou um convite para integrar a diretoria do Santos.

A Metodologia Jardim: Foco, Competitividade e Resultados

A trajetória de Leonardo Jardim à frente do Cruzeiro contabiliza 24 partidas, com um balanço de 11 vitórias, 7 empates e 6 derrotas, resultando em um aproveitamento de 55,5%. Esses números, embora não espetaculares, refletem uma evolução contínua e a implementação de uma filosofia de jogo que busca consistência e pragmatismo. O treinador reitera a importância de cada confronto, classificando-os como verdadeiras "finais".

Abaixo, detalhamos o desempenho do técnico Leonardo Jardim no comando do Cruzeiro :

Jogos	Vitórias	Empates	Derrotas	Aproveitamento
24	11	7	6	55,5%

A mentalidade de "final" para cada duelo, seja no Campeonato Brasileiro ou na Copa do Brasil, reforça a seriedade com que a equipe e a comissão técnica encaram os desafios.

"Cada jogo do Campeonato (Brasileiro) e da Copa do Brasil têm que ser nossas finais. Temos que dar tudo"

, cravou o treinador, delineando o compromisso total exigido de seus atletas em busca dos objetivos traçados pelo clube.