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Cruzeiro no Brasileirão: Análise Profunda das Chances de Título, G-4 e Rebaixamento
Por Redação Raposa Azul em 06/10/2025 06:15
A recente rodada do Campeonato Brasileiro trouxe reviravoltas significativas nas projeções de título, vagas para a Libertadores e até mesmo na luta contra o rebaixamento. Com a competição se aproximando de sua reta final, cada resultado adquire um peso colossal, redefinindo as aspirações dos clubes. Nosso olhar crítico se volta para as dinâmicas estatísticas que agora moldam o futuro da Série A, com especial atenção ao papel do Cruzeiro nesse cenário.
Dinâmica da Disputa pelo Título: A Virada no Campeonato
A classificação do Brasileirão sofreu uma alteração substancial após os confrontos recentes, com o Palmeiras assumindo a liderança. O triunfo no clássico contra o São Paulo, marcado por considerável controvérsia arbitral, impulsionou o potencial palmeirense para a conquista do campeonato de 45,45% para 66%, um salto de 20,55 pontos percentuais. Essa ascensão foi diretamente beneficiada pelo revés do Flamengo, que foi superado pelo Bahia em Salvador. Consequentemente, as probabilidades do clube carioca erguer a taça despencaram de 41,34% para 25,35%, uma retração de quase 16 pontos percentuais.
Embora Palmeiras e Flamengo compartilhem 55 pontos na tabela, o novo líder paulista detém uma vantagem crucial: além de uma vitória a mais, possui um confronto a ser disputado. Enquanto o Palmeiras soma 25 partidas e o Flamengo 26, o Cruzeiro , terceiro colocado, já completou suas 27 rodadas. Essa disparidade nos jogos pendentes é um fator determinante para as projeções. Em um cenário hipotético onde Palmeiras e Flamengo vençam suas partidas adiadas, a equipe paulista abriria uma margem de três pontos e duas vitórias sobre o Flamengo, e uma distância de nove pontos em relação ao Cruzeiro , conforme o panorama atual. Essa possibilidade realça a solidez das probabilidades atribuídas ao Palmeiras.

Cruzeiro e a Ambição da Taça: Um Revés Inesperado
Antes da rodada, o Cruzeiro era apontado como o principal favorito para garantir uma vitória, jogando em casa contra o lanterna da competição. Contudo, o Sport surpreendeu, marcando o primeiro gol e arrancando um empate em Belo Horizonte. Ao falhar em confirmar seu favoritismo, o Cruzeiro viu suas chances de competir pelo título encolherem significativamente, caindo de 12,54% para 8,48%, uma redução de 4,06 pontos percentuais. Esse tropeço em casa teve um impacto direto nas projeções de sua trajetória na parte superior da tabela.
As probabilidades são fruto de um modelo estatístico robusto, desenvolvido pelo economista Bruno Imaizumi. Ele utiliza microdados do Gato Mestre, coletados desde 2013, que analisam as características de finalizações e resultados de 4.821 jogos do Campeonato Brasileiro. Esses dados servem de base para avaliar a produtividade ofensiva e defensiva das equipes, empregando a métrica de expectativa de gol (xG), padrão internacionalmente reconhecido.
A Batalha Intensa por Vagas na Libertadores
A disputa pelas cobiçadas vagas na Libertadores promete ser um dos pontos altos das rodadas restantes do Brasileirão. Com 11 partidas ainda por serem jogadas após a 27ª rodada, a corrida pelo G-4 se mostra acirrada. O triunfo do Bahia sobre o Flamengo, somado às derrotas de Botafogo para o Internacional e Mirassol para o Corinthians, resultou em três equipes empatadas com 43 pontos.
O Botafogo conseguiu manter a quarta posição devido ao seu saldo de 14 gols e 12 vitórias, mas suas chances de assegurar uma das quatro vagas diretas para a fase de grupos da Libertadores sofreram um declínio de 47,26% para 41,82%, uma diminuição de 5,44 pontos percentuais. Apesar de uma variação percentual relativamente modesta, a aproximação do Bahia representa um novo desafio para suas aspirações. O Bahia ascendeu à quinta colocação com 12 vitórias e saldo de quatro gols. Mesmo atuando em seus domínios, não era visto como favorito ao receber o então líder Flamengo, que o superava em 15 pontos e número de jogos. A conquista desses três pontos cruciais elevou o potencial do Bahia de 15,22% para 25,29%, um aumento de 10,07 pontos percentuais em suas chances de figurar entre os quatro primeiros.
As projeções agora indicam que o Bahia tem maiores chances de concluir o campeonato no G-4 do que o Mirassol. Este último recuou para a sexta colocação, com 11 vitórias ? uma a menos que o Bahia ? e viu sua probabilidade de terminar entre os quatro primeiros diminuir de 32,55% para 24,26%, uma queda de 8,29 pontos percentuais. A recente queda de rendimento de Botafogo e Mirassol abriu uma perspectiva para o Fluminense, que agora vislumbra a possibilidade de alcançar ao menos o G-6, disputando uma das duas vagas para a seletiva da Libertadores. As chances do Fluminense de finalizar o campeonato entre os seis primeiros aumentaram de 23,8% para 36,54%, uma melhora de 12,74 pontos percentuais. Após vencer o Atlético-MG em casa, o Fluminense alcançou 38 pontos, cinco a menos que os concorrentes pela quarta colocação. No entanto, o time tem um jogo a mais que Bahia e Mirassol, e dois a mais que o Botafogo. Isso significa que, apesar da desvantagem atual, o Fluminense pode superar o rival caso vença seus jogos adiados: um como mandante contra o Ceará e outro como visitante contra o Mirassol. Suas chances, contudo, não superam as do Botafogo no momento, em parte porque o Mirassol é um adversário formidável em casa.
O Drama da Permanência na Elite Nacional
A luta contra o rebaixamento também apresentou movimentações importantes. O Fortaleza, ao derrotar o Juventude fora de casa, trocou de posição com a equipe gaúcha, tornando-se o 18º colocado, enquanto o Juventude ocupa a 19ª posição. Apesar de ter um ponto a menos que o Vitória (24 contra 25), o Fortaleza emergiu como a equipe com maior potencial para escapar do Z-4, que leva à Série B. Isso se deve ao fato de ainda ter um jogo adiado a disputar, fora de casa, contra o Atlético-MG, que possui cinco pontos a mais e dois jogos pendentes. As chances do Fortaleza de permanecer na Série A em 2026 subiram de 14,95% para 22,6%, um aumento de 7,65 pontos percentuais. Em contrapartida, as chances de permanência do Juventude despencaram de 19,54% para 9,74%, uma expressiva redução de 9,8 pontos percentuais.
A inversão de posições entre as duas equipes foi a única alteração no Z-4, que manterá sua configuração na próxima rodada, visto que nenhum resultado positivo isolado permitirá a saída das últimas quatro colocações. O Vitória esteve muito próximo de alterar esse cenário, protagonizando um confronto emocionante contra o Vasco, com duas viradas no placar. Contudo, a equipe carioca garantiu os três pontos nos minutos finais. Com isso, as chances do Vitória de permanecer na Série A no próximo ano caíram de 21,43% para 14,11%, uma redução de 7,32 pontos percentuais. O Vitória já cumpriu seus 27 jogos.
O Sport, apesar de lutar bravamente e arrancar um empate surpreendente fora de casa contra o Cruzeiro , teve suas chances de permanência na Série A reduzidas de 3,04% para 2,42%. Isso ocorreu porque, embora tenha conquistado um ponto a mais na classificação, possui um jogo a menos para buscar sua reabilitação na competição. A primeira equipe fora da zona de perigo, o Santos, perdeu para o Ceará fora de casa, e suas chances de permanecer na Série A no ano que vem retornaram ao patamar do final do primeiro turno, 77,7%, após estarem em 79% na rodada anterior. Ainda assim, o clube paulista desfruta de uma vantagem de 55 pontos percentuais sobre o Fortaleza, uma condição, neste momento, relativamente confortável.
Decifrando as Probabilidades: A Ciência por Trás dos Números
As probabilidades apresentadas são embasadas em parâmetros de modelos estatísticos de "Gols Esperados" (xG), uma métrica consolidada na análise de dados do futebol. A referência são as finalizações cadastradas pela equipe do Gato Mestre em 4.821 partidas do Campeonato Brasileiro desde a edição de 2013. O modelo considera diversas variáveis para sua análise, garantindo precisão e profundidade:
- A distância e o ângulo da finalização em relação ao gol.
- Se a finalização foi realizada cara a cara com o goleiro ou sem sua presença.
- A parte do corpo utilizada para a conclusão.
- Se o chute foi de primeira, ajeitado ou carregado, e se foi com a perna dominante ou não.
- A origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral, etc.).
- Se a assistência foi feita de dentro da área.
- A posição em que o atleta joga.
- Indicadores da força do chute.
- O valor de mercado das equipes em cada temporada (como proxy para a qualidade do elenco, dados do Transfermarkt).
- O tempo de jogo.
- A idade do jogador.
- A altura do goleiro em jogadas aéreas.
- A diferença no placar no momento de cada finalização.
Para ilustrar, de cada cem finalizações da meia-lua, apenas sete resultam em gol, conferindo a uma finalização dessa posição um xG de aproximadamente 0,07. Cada área do campo possui uma expectativa distinta para a concretização de um gol, que se eleva em situações como contra-ataques devido à menor presença de adversários. A somatória dessas pontuações ao longo da partida resulta no xG total de uma equipe em cada jogo. Essa variação reflete as chances de os times vencerem cada adversário, e a partir daí, são calculadas as probabilidades de os clubes terminarem o campeonato em cada posição.
O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística conhecida como Poisson Bivariada, que determina as probabilidades de eventos (os gols de cada equipe, neste caso) ocorrerem dentro de um período específico (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time em cada posição final do campeonato, foi utilizado o método de Monte Carlo, que se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, são realizadas dez mil simulações.
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