- Raposa Azul
- Diniz Detalha Vitória do Vasco sobre Cruzeiro e Elogia Conexão com Torcida
Diniz Detalha Vitória do Vasco sobre Cruzeiro e Elogia Conexão com Torcida
Por Redação Raposa Azul em 27/09/2025 21:54
Após o embate que culminou na ascensão do Vasco à décima posição do Campeonato Brasileiro com uma vitória de 2 a 0 sobre o Cruzeiro, o técnico Fernando Diniz teceu considerações profundas sobre o desempenho de sua equipe e a simbiose com a apaixonada torcida de São Januário. O comandante vascaíno não apenas celebrou o êxito em campo, mas também a atmosfera vibrante que, segundo ele, foi um pilar fundamental para o resultado.
A análise de Diniz sobre o confronto destacou a capacidade ofensiva do Vasco, mas enfatizou, sobretudo, a inteligência tática para neutralizar o adversário. "O nosso time também tem transição ofensiva boa", pontuou o técnico, antes de mergulhar na estratégia para conter a Raposa. Ele ressaltou a atenção aos pontos fortes do Cruzeiro : "No fundo, era saber que eles (Cruzeiro) têm a transição, são 12 gols no campeonato de transição ofensiva e 12 de bola parada. Muito provavelmente, é o time com mais gols nesses quesitos."
Para o treinador, a chave foi uma abordagem multifacetada na defesa. "A primeira coisa era saber perder a bola e saber, em alguns momentos, parar o jogo. Quando não conseguir parar, deixar o jogo mais lento. Se nem uma nem outra coisa, proteger a profundidade. Acho que conseguimos fazer esses três itens, meio que eliminando as chances do Cruzeiro de atacar a profundidade e fazer transição muito rápida", detalhou Diniz, evidenciando o planejamento meticuloso.
A Força de São Januário: Conexão Vital para o Vasco
A energia emanada das arquibancadas foi um ponto de exaltação para o técnico. Diniz fez questão de sublinhar a importância da união entre o time e seus adeptos. "A coisa mais importante que aconteceu hoje foi essa conexão com a torcida. (São Januário) cheio, o time jogou junto. O time foi tão bom quanto a torcida. Essa conexão faz o Vasco ser muito mais forte. Espero que a gente consiga ter cada vez mais consistência, e a torcida goste cada vez mais do que a gente vai fazer dentro do campo", afirmou, expressando o desejo de perpetuar essa relação virtuosa.
O foco agora se volta para o próximo desafio. O Vasco se prepara para enfrentar o Palmeiras na próxima quarta-feira, 1º de outubro, em jogo válido pela 26ª rodada do Brasileirão, a ser disputado no Allianz Parque.
Contratações Estratégicas e o Olhar para o Futuro
Diniz aproveitou a coletiva para discorrer sobre a política de contratações do clube, particularmente sobre a chegada de Cuesta e Robert Renan. Ele enfatizou a cautela e a meticulosidade no processo, contrastando com a pressão por reforços imediatos. "Isso vale a pena dar uma retomada que existia uma pressa muito louca por contratação na janela. Quando fazemos de uma maneira muito apressada, ainda mais sem dinheiro e sem chance de erro quase nenhuma, acabamos errando. Fizemos as contratações muito mais para o fim da janela do que para o começo. Eu sempre era questionado de contratação. E não é fácil contratar bons jogadores. No fundo, o Vasco e a torcida querem bons jogadores", explicou.
O técnico creditou o sucesso das aquisições a um esforço coletivo. "Foi um esforço contínuo de muita gente trabalhando. Felipe, eu, pessoal de análise, o Admar. Foi um monte de fatores que fez com que a gente chegasse a esses jogadores. E muito esforço pessoal de ligar, ligar de novo, insistir. O Admar viajar, o Felipe se reunir com o pessoal da análise o tempo todo", revelou. A estratégia, segundo Diniz, resultou em acertos significativos. "Esse trabalho conjunto e sempre com esse receio de errar na contratação - porque temos que ter para errar menos - acabamos acertando. Não só nesses dois, mas fizemos uma janela muito boa. Com poucas contratações, mas assertivas. O Andres foi uma contratação muito boa, todos têm contribuído. O Matheus França está entrando em condição, é um jogador muito talentoso. O Thiago Mendes está agora se recuperando da lesão, tem um histórico muito importante no futebol e esperamos que fique em forma o mais rápido possível. As contratações foram muito bem feitas, com cuidado e trabalho conjunto de muita gente", concluiu.
Vegetti, Robert Renan e a Dinâmica Tática
O centroavante Vegetti foi outro destaque nas palavras de Diniz, que reiterou a importância do jogador para a equipe. "O Vegetti é o nosso capitão e artilheiro. Tem uma conexão muito sólida com a torcida. Foi muito importante desde que chegou e continua sendo. Entro no jogo de hoje, foi importante. Quando o resultado não vem, queremos arrumar um culpado e acham o culpado errado. Mas o Vegetti é muito importante na parte tática para mim desde que cheguei aqui. Cumpre as funções sem a bola com muita precisão, não tem preguiça para fazer e tem saúde, embora com 30 e altos anos. De fato foi muito importante na disputa da bola longa, da marcação, na recomposição do time, estava sempre disposto a ajudar em todos os instantes", detalhou sobre o papel do artilheiro.
Questionado sobre a possibilidade de indicar jogadores vascaínos para a Seleção Brasileira, Diniz expressou confiança no potencial de seus atletas. "Ah, é difícil responder a essa pergunta. Mas eles certamente estão monitorando alguns jogadores. Acho que o Vasco tem pontuado bem nos últimos jogos do Campeonato Brasileiro, mas a gente tem jogado bem praticamente todos os jogos desde que eu cheguei aqui. Muitos jogadores evoluindo. Certamente, alguns estão no radar da seleção brasileira porque é muito nítido que os atletas aprenderam a jogar jogos grandes, jogar bem. Estão decisivos na parte da frente e, agora, na parte de trás também", observou.
Um nome em particular recebeu elogios contundentes: Robert Renan. "O Robert Renan, por exemplo, tem 21 anos. Talvez seja um dos zagueiros construtores com maior qualidade, não só no Brasil, como no mundo inteiro. Desconheço jogador canhoto, com a idade dele, que constrói como ele, em qualquer liga. Veio no Inter, por conta de uma falha, saiu daqui e não queria voltar. A gente teve uma insistência muito grande para ele perceber que o melhor para ele era voltar. Além de tudo, é vascaíno. E está reconstruindo a carreira. Tenho convicção que se, não for agora, daqui a pouco ele vai retornar à Seleção. Ele já foi jogador de Seleção. Subiu com 17 anos no Corinthians, o que é muito difícil, Você lançar jogador de zaga, com essa idade, é infinitamente mais difícil. Para ficar só no exemplo dele", pontuou o técnico, destacando a singularidade do zagueiro.
Filosofia de Jogo e Gestão do Elenco
Diniz também abordou sua filosofia de escalação, priorizando a forma dos atletas. "A tendência é eu colocar os melhores jogadores para jogar. Vou fazer isso sempre na minha carreira inteira. Quando não der para colocar os melhores, é porque não deu mesmo. Não sou um cara preso a uma posição. Se tenho quatro meias que estão brilhando e os atacantes não estão bem, vão jogar os quatro meias. O São Paulo jogava praticamente com quatro meias no ataque durante muito tempo. Eu não tenho essa fixação só pela posição. Quando todo mundo voltar e estiver bem, vão entrar os melhores. Às vezes não encaixa porque tem jogadores com posições sobrepostas e você não consegue encaixar porque está todo mundo muito bem. Mas sempre que eu puder vou colocar os melhores para jogar", explicou.
A importância das inversões no jogo foi ilustrada com a participação de Puma na jogada do gol. "Não foi só o Puma (na jogada do gol). Ele fez a inversão porque bate muito bem na bola e tem uma inversão facilitada porque chega com um pé direito e essa diagonal longa se oferece a ele. Mas o Robert Renan fez pelo menos três inversões, tem essa característica. Hoje temos mais essa bola longa do lado de cá do que do lado de lá. O Paulo Henrique não é um jogador de fazer bola longa, é mais de condução. O Cuesta também. O Hugo Moura faz boas inversões, Coutinho, Barros. O time tem bastante jogador que bate bem na bola e podemos usar esse artifício", disse Diniz, mostrando a versatilidade tática da equipe.
Sobre a percepção de que o Vasco "soube sofrer" diante do Cruzeiro , Diniz fez uma ressalva importante. "Não é que a gente soube sofrer. Quando a gente baixou, o Cruzeiro é um time que gosta de muita profundidade. Quando a gente não conseguia encaixar rápido, a gente tinha que descer mesmo. Não é o jogo do Cruzeiro, que ele se sente mais confortável, não é um jogo empurrando o adversário para trás com muita posse. É um time muito vertical. Quando a gente baixou o bloco, a gente quase não sofreu. Não lembro de o Cruzeiro ter tido uma grande chance nem de o Léo Jardim ter feito uma grande defesa. Hoje existem, nas estatísticas mais apuradas, a expectativa de gol. Não houve expectativa de gol mais importante para o Cruzeiro . Não finalizaram quase dentro da área. Quando tínhamos a bola na área para finalizar, tínhamos muito mais gente do que eles. O time soube se defender bem, não é que soube sofrer. A gente não sofreu no jogo", reiterou, enfatizando o controle defensivo.
O técnico admitiu, contudo, a necessidade de aprimorar o controle da posse de bola. "O que faltou um pouco para o time foi ter mais controle da posse. Acho que poderíamos ter tido, em determinados momentos, mais circulação da bola. Estávamos alongando sem ter gente para disputar ou pegar a segunda bola. Outro problema do time foi que, no primeiro tempo, perdemos quase todas as segundas bolas, e foi essa perda que fez o Cruzeiro ter mais volume. Não foi porque nos empurraram para trás, a gente foi aonde tinha que ir e conseguiu se defender bem de um time que é muito bom, bem treinado, com jogadores que são muito talentosos. É o caso do Matheus Pereira, do Kaio Jorge, entre outros. (Cruzeiro) é um time que está com a confiança lá em cima. Um jogo grande, em que a gente soube usar todos os recursos que havíamos treinado para poder aumentar nossas chances de vencer", completou.
Ainda sobre a gestão de grupo, Diniz comentou um incidente com Hugo Moura. "Eu falei para ele voltar. Assim. Tomara que a gente continue rindo no dia que perder. E não crie aquela polêmica de 'Olha, foi estourado, mal-educado'. Essas coisas não mudam. Mas esse relativismo moral que a gente gosta de fazer o espetáculo para fora. Se aquilo é errado, é errado hoje na vitória. Então, não é motivo de riso. Não é por causa da vitória. O que é certo é certo. E o meu jeito é esse. Sou assim com o Rayan, com o Hugo Moura. Eu nunca levantei minha voz com jogador para prejudicar, muito pelo contrário. A minha vida é de dedicação plena para os jogadores e para os torcedores. Quando eu faço um gesto assim, os atletas entendem que é sempre para o melhor. Ali, eu não preciso me fazer de super educado para agradar uma plateia externa. Sou conectado com o jogador de uma maneira que me permite isso. Tanto é que o Hugo voltou e continuou. Se fosse outro tipo de comissão e outra relação, sentiu um pouco e sai do jogo. Eu tenho um limite diferente de levar o jogador e me relacionar com departamento médico", esclareceu, defendendo seu estilo de comunicação.
Finalmente, a substituição de Vegetti também foi justificada. "O jogo estava ficando com muita transição. Tirei o Vegetti e o Nuno. Estava com a cara muito mais do Andrés e o David para o jogo de hoje. Por isso, quis substituir aquela hora, não quis esperar muito. Para a gente aproveitar o Vegetti, temos que ter posse no ataque para ele terminar os lances e ter mais chances de fazer o gol, um cara artilheiro. Isso não estava acontecendo, vi que não ia mudar muito mais o cenário. Achei que teríamos mais chances de não levar o gol e fazer o segundo", concluiu o técnico, explicando a decisão tática.
Curtiu esse post?
Participe e suba no rank de membros