Final Brasileirão Feminino: Cruzeiro e Corinthians e o Crescimento da Modalidade

O palco está montado na Neo Química Arena para a grande final do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, um confronto que transcende as quatro linhas e simboliza o vigoroso crescimento da modalidade. Após um empate eletrizante em 2 a 2 na Arena Independência, Corinthians e Cruzeiro se preparam para decidir o título nacional mais cobiçado do ano, com a expectativa de um público recorde que sublinha a nova era do esporte.

Este embate final coloca em evidência a força de duas abordagens distintas, mas igualmente bem-sucedidas, no cenário atual. De um lado, o Corinthians, uma hegemonia consolidada que busca seu sexto troféu consecutivo no Brasileirão, reafirmando uma trajetória de vitórias que incluiu a superação do São Paulo na semifinal, um adversário que havia imposto dificuldades no início do ano. Do outro, o Cruzeiro , um exemplo paradigmático da expansão e profissionalização do futebol feminino no país.

A Raposa, em particular, demonstra um comprometimento financeiro notável. Para o próximo ano, o clube destinou um orçamento de R$ 15 milhões para sua equipe feminina, o que representa um aumento substancial de 87,5% em comparação com a temporada anterior. Tal investimento não passou despercebido, culminando na liderança da equipe na fase inicial do Campeonato Brasileiro, um feito que reflete a seriedade do trabalho desenvolvido.

O Salto Qualitativo do Cruzeiro e o Abraço da Torcida

A transformação no Cruzeiro é resultado de uma visão estratégica, conforme apontado por figuras-chave. "O trabalho do Ronaldo e sua equipe foi de extrema importância. Quebrou uma cultura que existia no Cruzeiro , que o futebol feminino tinha que ter um espaço limitado. Foi uma quebra de paradigmas, mas com orçamento limitado por conta das dívidas", revelou Bárbara Fonseca, diretora do futebol feminino do Cruzeiro , ao GE. Sob a batuta de Jonas Urias, o elenco tem correspondido à confiança e aos recursos investidos, entregando resultados que justificam cada passo dessa jornada.

O engajamento da torcida é uma prova irrefutável da aceitação e do entusiasmo gerados por esses projetos. A partida de ida da decisão, sediada em Belo Horizonte, atraiu 19.165 espectadores, estabelecendo um novo recorde de público para o futebol feminino brasileiro nesta temporada. O segundo maior público também pertence ao Cruzeiro , que levou 13.533 pessoas para a semifinal contra o Palmeiras. A projeção para a Neo Química Arena é ainda mais ambiciosa, com a expectativa de mais de 40 mil corintianos impulsionando a equipe da casa.

A dimensão desses números vai além do espetáculo esportivo. "Esses recordes de públicos são reflexo de anos de luta por espaço e investimento. Além da celebração esportiva, carregam um peso simbólico: mostrar às meninas que o futebol feminino é viável, profissional e inspira novas gerações a acreditarem em seus sonhos", pondera a Dra. Flávia Magalhães, médica do esporte com experiência na seleção brasileira e autora de "A inSUSTENTÁVEL leveza de ser mulher futebol".

Foto: (Ale Torres/Staff Images Woman/CBF)

A Hegemonia Corintiana e o Crescimento da Visibilidade

Para a torcida do Corinthians, a celebração das conquistas femininas tornou-se um hábito. Em finais anteriores, seja no Brasileirão, Supercopa ou Campeonato Paulista, a Neo Química Arena já foi palco para mais de 40 mil torcedores. Caso se sagre campeão neste domingo, o clube atingirá sua sétima conquista na história, em sua décima participação na Série A1, um legado inquestionável. Sob a liderança de Lucas Piccinato, que assumiu o comando em 2023, o Corinthians pode adicionar o quarto título à sua galeria.

A expansão do futebol feminino não se limita às arquibancadas; ela se reflete também nos índices de audiência. A TV Brasil registrou um aumento de 23,8% na audiência média do Brasileirão Feminino Série A1 em comparação com o ano anterior, com picos de interesse em praças como Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. Esse desempenho superou em 51% a média geral da emissora no mesmo período. A TV Globo, por sua vez, alcançou a maior média de audiência do Brasileirão Feminino em 2025 durante o jogo de ida da decisão, marcando 11 pontos e 27% de participação em São Paulo e Rio, o melhor desempenho da emissora no campeonato desde setembro de 2024.

O alcance médio por partida também demonstrou um crescimento notável, passando de 118 mil para 140 mil domicílios, com um tempo de permanência do público ampliado. Na Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP), o salto foi ainda mais expressivo: de 2,1 milhões de pessoas em 2024 para 3 milhões em 2025, um avanço de 42,8%.

O Momento Estratégico e o Mercado em Expansão

O cenário atual do futebol feminino é de franca ascensão, conforme analisam especialistas do setor. "O futebol feminino vive um grande momento, é um produto com visibilidade fantástica em suas várias formas de conexão com o público, é uma realidade de mercado e que ainda vai crescer muito até a Copa do Mundo de 2027 que acontecerá no Brasil", observa Renê Salviano, CEO da Heatmap, parceira da FSports e detentora dos direitos comerciais da modalidade junto à CBF.

A percepção é que este é um período crucial para a consolidação da modalidade no mercado. "Estamos vivendo um momento estratégico e as marcas que chegarem antes com certeza vão aproveitar as fases ainda melhores que virão", pontua Salviano. O sucesso e a visibilidade alcançados neste ano atraem novas marcas, especialmente as casas de apostas esportivas, que veem na competição um valioso espaço para exposição. Start Bet e Luck.bet, por exemplo, já patrocinam o campeonato e a decisão deste domingo, reconhecendo o potencial do esporte.

Diego Bittencourt, diretor de marketing da Start Bet, reforça essa visão: "O futebol feminino brasileiro está passando por uma fase de ampliação, não apenas no desempenho das atletas e nas conquistas em campo, mas também no aumento expressivo da visibilidade, da estrutura e da presença midiática proporcionada por transmissões televisivas e pelo interesse crescente do público. Investir é colaborar diretamente para consolidar o crescimento da modalidade." Vitor Paulin, Chief Marketing Growth Officer (CMGO) da Luck.bet, complementa: "A gente tem acompanhado a evolução da modalidade e sabemos que ela vive uma trajetória de ascensão, com um potencial de crescimento muito grande. Estar presente nas finais é uma forma de nos posicionarmos de maneira estratégica, de dialogar com um novo público e de apoiar o esporte."