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Reencontro com Diniz: Cruzeiro e o Legado de uma Passagem Conturbada na Toca
Por Redação Raposa Azul em 27/09/2025 03:11
O Cruzeiro se prepara para um confronto significativo neste sábado, às 18h30 (horário de Brasília), em São Januário, contra o Vasco, pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro. A partida transcende a mera disputa por pontos; ela marca o primeiro reencontro da Raposa com Fernando Diniz, o treinador cuja passagem pelo clube, embora breve, foi carregada de expectativas, frustrações e momentos de alta tensão.
A chegada de Diniz ao comando celeste, há menos de um ano, foi um movimento que agitou os bastidores da Toca. Ele era o nome dos sonhos de Pedro Lourenço, o então novo gestor da SAF do Cruzeiro , que assumiu em abril de 2024. A decisão de trazê-lo culminou na demissão de Fernando Seabra, que, apesar de um bom momento com a equipe, incluindo uma arrancada na Sul-Americana e uma posição respeitável no Brasileiro, acabou desligado em setembro, apenas um dia antes do anúncio de Diniz.
Diniz, que havia conquistado a Libertadores com o Fluminense menos de um ano antes, chegou com considerável apoio interno, mas também com a desconfiança de parte da torcida. Essa ressalva se dava pelo desempenho do Tricolor carioca após o título continental, que resultou na demissão do técnico com a equipe na zona de rebaixamento do Brasileirão.
A Passagem Marcada por Desafios e Expectativas Frustradas
Ao assumir o comando, Diniz se viu sem a possibilidade de solicitar reforços, dada a janela de transferências já encerrada. Ele herdou um elenco que havia sido montado com um investimento substancial, na casa dos R$ 200 milhões. Esse montante, aliado ao grande objetivo da nova gestão da SAF de garantir uma vaga na Libertadores para o planejamento de 2026, aumentou consideravelmente a pressão por resultados imediatos.
Foi nesse cenário de altas expectativas e limitações que as frustrações se manifestaram nos meses finais da temporada. Fernando Diniz implementou seu estilo de jogo característico, e, embora o time apresentasse alguns lampejos de bom futebol, a primeira vitória só viria na sétima partida disputada. Esse triunfo, contra o Lanús, na Sul-Americana, garantiu a vaga na final, outro dos objetivos traçados pela gestão.
Contudo, o desfecho da competição continental esteve aquém do esperado. O Cruzeiro , que já demonstrava dificuldades no Campeonato Brasileiro, foi superado pelo Racing, perdendo por 3 a 1 e amargando o vice-campeonato. A partir desse revés, a classificação para a Libertadores passou a depender exclusivamente do desempenho na Série A.
A Luta no Brasileirão e a Polêmica nos Bastidores
Na Série A, o time continuou a arrastar-se durante todo o returno, sem conseguir engrenar na reta final. Antes da chegada de Diniz, Fernando Seabra havia sido desligado do comando, deixando a equipe na oitava colocação com 42 pontos após a 27ª rodada, a apenas um ponto do G-6 e quatro do G-4. Sob a batuta de Diniz, a equipe venceu apenas duas das 11 rodadas finais, somando modestos 10 dos 33 pontos possíveis. O Cruzeiro encerrou a temporada na nona posição, falhando em conquistar a tão almejada vaga na Libertadores. Após a final da Sul-Americana, o técnico ainda enfrentou a perda de peças importantes por lesão, o que limitou ainda mais as opções do elenco .
Após a perda do título da Sul-Americana, a demissão de Fernando Diniz era vista como um caminho provável para o fim da temporada. A exposição dessa situação gerou desconforto antes e depois do jogo contra o Juventude, que encerrou o Brasileirão. Questionado sobre o assunto, o técnico não hesitou em tecer críticas ao então CEO de futebol, Alexandre Mattos:
"Me sinto extremamente desrespeitado, porque estou sabendo pela imprensa. O Alexandre me chamou, falou que tudo poderia acontecer, mas uma coisa muito vaga. Estou sabendo desde quinta, sabem mais do que vai acontecer comigo do que eu mesmo. Um desrespeito muito grande, muito mesmo, porque tive inúmeras propostas e vim para o Cruzeiro ."
O Voto de Confiança que Durou Pouco e a Demissão Precoce
Apesar de sua saída ser tratada como certa nos bastidores, a situação sofreu uma reviravolta. No dia seguinte ao desabafo, em Belo Horizonte, uma reunião entre o treinador e Pedro Lourenço resultou na decisão pela continuidade do trabalho. A relação pessoal entre os dois foi um fator determinante para sua permanência.
No entanto, o voto de confiança concedido ao treinador teve vida curta. O Cruzeiro movimentou-se no mercado de transferências no final do ano, e, mesmo com um investimento mais cauteloso, buscou nomes de peso como Dudu, Fabrício Bruno e Gabigol. Curiosamente, parte desses nove reforços contratados não passou pela chancela direta do treinador.
O início da nova temporada carregou o peso das decepções do ano anterior. O Cruzeiro empatou amistosos de pré-temporada contra Atlético-MG e São Paulo, nos Estados Unidos, e mostrou dificuldades no Campeonato Mineiro. Após uma vitória contra o Tombense, a equipe tropeçou diante de Athletic e Betim, exibindo atuações abaixo do esperado, o que culminou na demissão do treinador após apenas a terceira rodada do estadual.
O Legado Numérico e a Virada de Página na Toca
Durante sua gestão, Fernando Diniz comandou o Cruzeiro em 20 partidas. Seu desempenho foi marcado por 4 vitórias, 9 empates e 7 derrotas. O aproveitamento do treinador no período foi de 35%.
Estatística | Total |
---|---|
Jogos Disputados | 20 |
Vitórias | 4 |
Empates | 9 |
Derrotas | 7 |
Aproveitamento | 35% |
Menos de uma semana após a saída de Diniz, Leonardo Jardim assumiu o comando técnico. Embora tenha enfrentado obstáculos iniciais, com eliminações no Campeonato Mineiro e na Sul-Americana, Jardim implementou mudanças táticas que transformaram o desempenho da equipe. Atualmente, a Raposa compete nas semifinais da Copa do Brasil e disputa as primeiras posições no Campeonato Brasileiro, evidenciando uma notável recuperação e uma nova fase para o clube.
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