Benito Fantoni morre aos 94 anos: lenda de Cruzeiro e Atlético

Despedida de um ícone da dinastia Fantoni

O cenário esportivo de Minas Gerais amanheceu mais triste nesta sexta-feira (26) com a confirmação do falecimento de Benito Fantoni. Aos 94 anos, o ex-zagueiro, que personificou a história de uma das famílias mais tradicionais do nosso futebol, nos deixou em Belo Horizonte. As cerimônias de despedida estão programadas para este sábado (27), ocorrendo das 8h às 11h no Cemitério Parque da Colina, seguidas pelo sepultamento na capital mineira.

Benito não era apenas um jogador; ele carregava no sobrenome a responsabilidade de ser filho de Ninão, o maior artilheiro em uma única edição do Estadual. Além disso, era sobrinho de figuras lendárias como Niginho e Orlando Fantoni. Sua trajetória no esporte começou a ser moldada no Cruzeiro em 1949, ainda nas categorias de base, antes de uma breve passagem pelo futebol venezuelano no Caracas e clubes cariocas como Vasco e Canto do Rio.

Após encerrar sua jornada dentro das quatro linhas em 1965, Benito ainda dedicou anos ao desenvolvimento de novos talentos. Atuou como treinador nas divisões de base e auxiliar técnico em ambos os gigantes da capital. Sua partida marca o fim de um capítulo de elegância e história pura do futebol mineiro, deixando uma lacuna irreparável para quem acompanhou a era de ouro dos Fantoni no estado.

Trajetória vitoriosa entre os rivais de Minas

A solidez defensiva de Benito Fantoni foi disputada pelos maiores clubes do estado. No Atlético, entre 1956 e 1959, ele ergueu o troféu de campeão mineiro por duas vezes. No entanto, o retorno às origens aconteceu de forma direta no final de 1959, quando trocou de lado na rivalidade para defender as cores do Cruzeiro . Com o manto celeste, repetiu o feito de ser bicampeão estadual, consolidando sua importância técnica.

A curiosa origem romana e o batismo papal

A vida de Benito Romano Fantoni começou de forma cinematográfica em 1931. Nascido em Roma, ele recebeu seu nome devido a uma promessa inusitada: seu pai, Ninão, então atacante da Lazio, ouviu do primeiro-ministro italiano Benito Mussolini que teria as despesas do parto quitadas se marcasse um gol no clássico contra a Roma.

O atacante brasileiro cumpriu o desafio, balançou as redes e garantiu o cumprimento da promessa do mandatário. O nascimento de Benito na capital italiana foi cercado de prestígio, culminando em seu batismo realizado pelo Papa Pio XII, no Vaticano. Essa conexão internacional sempre conferiu ao zagueiro uma aura distinta, unindo a força do futebol mineiro às suas raízes europeias.