Biometria Facial no Mineirão: O Guia Definitivo para o Torcedor do Cruzeiro

O Cruzeiro se prepara para uma transformação significativa na forma como seus torcedores acessam o Mineirão, a partir de julho. Em conformidade com a legislação que torna o reconhecimento facial compulsório em estádios com capacidade superior a 20 mil espectadores, a biometria facial passa a ser um requisito indispensável para as partidas do clube como mandante. A estreia desse novo sistema ocorrerá neste domingo (13), às 20h30 (De Brasília), no confronto contra o Grêmio, válido pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro.

A partir dessa data, todo torcedor com idade igual ou superior a 16 anos que desejar comparecer aos jogos da Raposa no Gigante da Pampulha deverá ter seu reconhecimento facial devidamente cadastrado. Para facilitar o processo e fornecer todos os pormenores sobre esse registro biométrico, o clube disponibilizou um portal específico: suacara.cruzeiro.com.br.

De acordo com Marcone Barbosa, diretor de Marketing e Comercial do Cruzeiro , o clube dedicou esforços substanciais para assegurar uma operação fluida com essa inovação no controle de acesso. A preparação envolveu uma série de medidas preventivas e de suporte aos torcedores.

O Vasto Processo de Preparação e Cadastro

A estruturação para a implementação do reconhecimento facial teve início em 2024, com o Mineirão, por meio da Minas Arena, já iniciando o acesso via biometria em seus espaços exclusivos. Desde outubro de 2024, a Minas Arena tem coletado dados biométricos de torcedores do Cruzeiro e de outros eventos realizados no estádio, acumulando um cadastro de quase 10 mil usuários.

O Cruzeiro , por sua vez, intensificou o trabalho há duas semanas, abrindo seu próprio canal de cadastro de dados biométricos, que direciona para o sistema da Minas Arena. Atualmente, a base de dados conta com mais de 42 mil registros exclusivos de cruzeirenses. No total, somando os esforços de ambas as partes, mais de 50 mil torcedores já estão aptos, com dados 100% cadastrados, prontos para adquirir ingressos e acessar o estádio conforme o setor de sua entrada.

O processo de cadastramento foi pensado para ser acessível, com uma campanha massiva e a criação do domínio suacara.cruzeiro.com.br. Através deste site, o torcedor pode realizar seu registro biométrico, independentemente de ter ou não a intenção imediata de comprar um ingresso. Contudo, para torcedores acima de 16 anos que acessarem a plataforma de ingressos, o cadastro biométrico facial se torna obrigatório. Já para os menores de 16 anos, o acesso permanece via QR code.

Dinâmica para Sócios e Desafios da Transferência

Uma dúvida recorrente entre os sócios diz respeito à necessidade de entrada conjunta com acompanhantes. A diretoria esclarece que não há tal exigência. Um sócio que possui direito à compra de um segundo ou terceiro ingresso pode efetuar a aquisição e, em seguida, direcionar o link do bilhete para o acompanhante. Este, desde que maior de 16 anos, deverá realizar seu próprio cadastro biométrico e poderá acessar o estádio sem a presença do sócio titular. Para menores de 16 anos, a inserção do CPF na plataforma dispensa a exigência de dados biométricos para o acesso. No entanto, é crucial ressaltar que pessoas com deficiência (PCD) necessitam da presença do sócio titular do plano para a entrada no Mineirão.

A biometria facial, embora traga benefícios inegáveis, também gerou discussões e desconfortos, especialmente para o programa de sócios. Historicamente, o Cruzeiro enfrentava dificuldades em fiscalizar a regra de que o benefício do sócio é "impessoal e intransferível". Com o novo sistema, que vincula o ingresso ao CPF e à biometria do sócio, a transferência do benefício principal se torna inviável. Enquanto o sócio pode transferir ingressos adicionais que comprou, o seu próprio benefício, adquirido com seu CPF, não pode ser repassado a terceiros. Essa mudança, embora imposta pela Lei Geral do Esporte, é reconhecida como um "contratempo e transtorno para o grupo de sócio", e o clube está analisando seu impacto real.

Segurança, Adaptação e o "Teste Valendo"

Os benefícios da biometria facial no ambiente do estádio são múltiplos. Em primeiro lugar, aprimora significativamente a segurança. Em segundo, oferece ao torcedor a certeza de que está adquirindo um ingresso autêntico, pois o sistema impede a inserção de dados cadastrais para bilhetes falsificados, duplicados ou roubados. A face do torcedor, agora, é o próprio ingresso.

O Mineirão, desde sua reabertura em 2013, habituou o torcedor a um formato de acesso. A mudança para a biometria facial representa, portanto, uma alteração cultural significativa. Para mitigar problemas, o clube aumentou o número de orientadores de público na esplanada, reforçou o policiamento nos portões e a equipe de segurança. Pontos de apoio estarão distribuídos para auxiliar quem não cadastrou a biometria, enfrenta dificuldades ou tem dúvidas sobre o status de seu registro.

Marcone Barbosa enfatiza a natureza experimental do primeiro jogo com o sistema plenamente operacional:

A gente entende que esse primeiro jogo será um teste valendo, momento de muita novidade para nós, que estamos na operação. E ainda mais novidade para o torcedor que pela primeira vai acessar o estádio. A gente está prevendo essas dúvidas que vão acontecer, criamos um plano de ação robusto para minimizar os problemas e dar muita tranquilidade ao torcedor adentrar ao estádio.

A gestão dos dados biométricos é centralizada em um sistema único, operado integralmente pela Minas Arena, com a qual o Cruzeiro contratou o serviço tecnológico. Todos os dados estão armazenados em um banco de dados unificado, seguindo rigorosamente as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Para sanar dúvidas, o clube e a Minas Arena disponibilizaram canais de atendimento virtuais (cruzeiro.com.br e mineirao.com.br) e um posto avançado de atendimento presencial no próprio Mineirão para registros em caso de dificuldades.

Os números de cadastros, superiores a 50 mil, indicam a funcionalidade do sistema, com problemas sendo tratados como exceções. O Cruzeiro reforça que essa transição, embora uma imposição legal e não um desejo do clube, visa aprimorar a segurança, a tranquilidade e a conformidade para todos no estádio. A cooperação do torcedor na disseminação dessas informações é vista como fundamental para o sucesso da nova modalidade de acesso.