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Byanca Brasil Detalha Luta Contra Depressão e Ansiedade no Cruzeiro
Por Redação Raposa Azul em 27/11/2025 19:31
A atacante Byanca Brasil, peça fundamental no esquema do Cruzeiro, trouxe à tona uma realidade frequentemente negligenciada no esporte de alto rendimento: sua batalha contra a depressão. A camisa 10 da Raposa, em um depoimento franco, confirmou ter sido diagnosticada com a condição durante a temporada de 2025, adicionando a isso a ocorrência de crises de ansiedade em momentos cruciais do calendário celeste.
A revelação da atleta não é apenas um desabafo pessoal, mas um alerta contundente sobre a invisibilidade das questões de saúde mental no ambiente competitivo. Em suas próprias palavras, Byanca descreveu a gravidade da situação:
"Fui diagnosticada com depressão, então só quem vive sabe o quão difícil é o dia a dia e você ver tudo preto e branco, não se reconhecer. Hoje, voltar a ver o mundo colorido, pra mim, é o maior troféu que eu vou levantar hoje."
O peso da camisa e as expectativas inerentes a uma posição de destaque no futebol feminino foram fatores que intensificaram o sofrimento da jogadora. Ela expressou a dificuldade de lidar com a pressão, especialmente diante de comentários e mensagens que, muitas vezes, ultrapassam os limites da crítica construtiva:
"Foi um ano muito difícil pra mim, e eu nunca quero jogar mal, deixar de correr dentro do campo, mas é um peso muito grande que eu carrego vestir essa camisa, vestir a camisa 10. Mas eu sempre vou fazer de tudo pelo Cruzeiro, pelo futebol, e é um desabafo para as pessoas que mandam mensagem, que comentam coisas que são muito pesadas, que fazem mal. Eu quis me afastar do futebol por causa disso."
A Pressão Invisível: Ansiedade em Momentos Decisivos
A trajetória de Byanca na temporada de 2025, que culminou com o Cruzeiro garantindo uma vaga inédita na Libertadores e o vice-campeonato do Brasileirão, foi marcada por desafios pessoais invisíveis ao grande público. Após um período de lesão na fase inicial, a jogadora retornou para o mata-mata do Campeonato Brasileiro, onde sua presença se mostrou vital.
Um dos momentos mais emblemáticos de sua luta ocorreu na semifinal contra o Palmeiras, na Arena Barueri. Byanca revelou ter enfrentado crises de ansiedade tanto no vestiário quanto em campo, demonstrando uma resiliência notável ao contribuir com duas assistências cruciais para a virada celeste. O relato detalhado da atleta evidencia a batalha interna travada paralelamente à disputa esportiva:
"Antes do jogo contra o Palmeiras, eu tive uma crise de ansiedade dentro do vestiário. Não falei para ninguém, fui para o banheiro, dei o meu choro, orei, pedi a Deus força para conseguir estar dentro do campo, porque eu sabia da importância que era minha figura estar dentro do campo. Durante o jogo, eu tive a crise também. A Sochor percebeu e me ajudou a controlar, não tive nem noção do que eu fiz no jogo. Foram duas assistências muito importantes."
A dualidade de emoções após a partida contra o Palmeiras também foi um ponto de virada para a percepção de sua condição. A euforia da vitória contrastou com uma profunda tristeza subsequente, indicando a necessidade de um suporte mais abrangente:
"Quando acaba o jogo, eu tive um pico de felicidade muito grande e, quando eu chego no quarto, eu tive um pico baixo, de chorar e ficar desesperada. Foi quando eu percebi que precisava de mais ajuda, que só a psicóloga não estava adiantando. Fui na comissão e me ajudaram."
O Início do Desequilíbrio e o Valor do Suporte no Clube
A jogadora relatou que sentiu uma mudança em seu estado emocional desde o início da temporada. A carga de emoções acumuladas ao longo dos anos impactou profundamente sua saúde mental, um aspecto ao qual ela admitiu não ter dado a devida atenção inicialmente. A solidariedade e a preocupação com os outros acabaram por negligenciar seu próprio bem-estar:
"Desde o começo do ano, cheguei muito diferente. A carga emocional que eu tive, nos últimos anos, pesou muito pra minha saúde mental, e eu não dei muita atenção, porque eu sou uma pessoa muito solidaria. Eu comecei a duvidar muito de mim, perdi muito minha confiança, perdi muito a vontade de estar no ambiente futebol - não de jogar bola. O Jonas foi importante, eu falei pra ele no primeiro jogo que eu não tava muito bem. Ele não hesitou. Naquele jogo - Grêmio - a Lady machucou, infelizmente, esqueci o que estava passando, eu consegui ajudar."
A sinceridade com o treinador Jonas Urias foi crucial. No primeiro jogo do Brasileirão, contra o Grêmio, Byanca expressou que não estava em plenas condições. Urias, compreensivo, não hesitou em mantê-la no banco de reservas, mostrando a importância de um ambiente que valorize a saúde mental dos atletas.
A gravidade de seu estado emocional chegou a um ponto em que a atacante considerou um afastamento completo do futebol, buscando um tempo para si mesma, longe da persona pública. No entanto, a rede de apoio oferecida pelo clube foi determinante para sua permanência e recuperação:
"Cheguei ao ponto de querer sair do ambiente, de pegar um tempo para a Byanca Beatriz, me afastar da Byanca Brasil, mas o suporte e a rede de apoio que eu tive dentro do clube fez muita diferença."
O testemunho de Byanca Brasil serve como um alerta contundente para a complexidade da vida de atletas de alta performance. Além do talento e da dedicação física, a saúde mental emerge como um pilar indispensável, demandando atenção, compreensão e um sistema de apoio robusto. Sua coragem em expor uma vulnerabilidade tão íntima não apenas humaniza a figura da atleta, mas também abre caminhos para um diálogo mais franco e necessário sobre o bem-estar psicológico no esporte.
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