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Condenação Inédita: Cruzeiro e Máfia Azul Respondem por Morte de Torcedor
Por Redação Raposa Azul em 05/08/2025 11:41
Uma decisão judicial proferida em Minas Gerais estabeleceu uma condenação conjunta ao Cruzeiro Esporte Clube e à torcida organizada Máfia Azul. Ambos foram sentenciados a desembolsar R$ 100 mil a título de danos morais, valor destinado ao genitor de Mateus Freitas Ferreira, um jovem de 20 anos que perdeu a vida em novembro de 2021, em um episódio de violência envolvendo torcedores.
A fatalidade ocorreu após uma emboscada a um ônibus que transportava torcedores do Atlético. A sentença, emitida pela 22ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte, ressalta a possibilidade de recurso por parte dos condenados.
O veredito é notável por determinar que a agremiação esportiva e a facção organizada partilhem a responsabilidade pelos prejuízos ocasionados, mesmo diante da ausência de participação direta do clube no ataque em questão. Esta postura judicial sublinha uma interpretação rigorosa da legislação vigente.
A Base Legal da Corresponsabilidade
A fundamentação da sentença apoia-se na Lei do Esporte, que estabelece a responsabilização de clubes quando suas torcidas organizadas, com as quais mantêm vínculo, perpetram atos de violência. Esta prerrogativa legal permite que a Justiça atribua ao clube parte da responsabilidade por incidentes que, embora não ocorram sob sua vigilância direta, estão intrinsecamente ligados à conduta de seus grupos de apoio.
O entendimento judicial sobre a responsabilidade das torcidas organizadas é claro: elas podem ser responsabilizadas por atos violentos praticados por seus membros, independentemente de onde ou quando as agressões ocorram, ou seja, fora do ambiente do estádio ou do horário dos jogos. Este ponto é crucial para a contextualização da decisão.
A aplicação da Lei do Esporte neste caso particular reforça a tese de que o vínculo institucional entre clubes e organizadas não se dissolve em face de comportamentos delinquentes, exigindo que as entidades esportivas compartilhem o ônus das consequências.
A Brutalidade que Precedeu a Sentença
O evento que culminou na morte de Mateus Freitas Ferreira foi um ataque brutal. O ônibus no qual o jovem retornava de uma partida entre Atlético-MG e Fluminense foi interceptado e cercado por integrantes da organizada Máfia Azul na região do Barreiro, em Belo Horizonte. A agressão foi caracterizada pelo uso de paus, barras de ferro, foguetes e coquetéis molotov.
Na tentativa desesperada de escapar da violência, Mateus foi perseguido e espancado. As investigações policiais confirmaram que todos os indivíduos acusados pelo crime eram, à época dos fatos, filiados à referida torcida organizada, incluindo seu então presidente, o que solidifica a ligação direta entre os agressores e a entidade.
A materialidade e autoria dos atos violentos foram cruciais para a determinação da culpa e a consequente condenação, expondo a face mais sombria da rivalidade no futebol e a urgência de medidas mais eficazes para coibir tais barbáries.
Implicações e Desafios Futuros
Além da indenização por danos morais, os réus foram compelidos ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, estes fixados em 10% sobre o valor total da condenação. Tal medida acresce um custo financeiro significativo à sanção imposta.
A condenação em questão estabelece um precedente importante no cenário jurídico-esportivo, ao reafirmar que a impunidade não prevalecerá diante de atos de violência que mancham o esporte. A possibilidade de recurso, naturalmente, abre um novo capítulo no desdobramento deste caso, mas a mensagem inicial da Justiça é inegável: a responsabilidade pelos atos de violência de torcidas organizadas recai, em parte, sobre os clubes a elas vinculados.
Este julgamento reitera a necessidade premente de uma reflexão aprofundada sobre a relação entre clubes e seus grupos de torcedores, e o papel de cada um na promoção de um ambiente seguro e respeitoso para todos os que amam o futebol.
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