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Análise Crítica: O Cruzeiro e o Desafio da Transição Tática
Por Redação Raposa Azul em 26/11/2024 08:05
A Nova Era Tática do Cruzeiro e seus Desafios
A campanha do Cruzeiro na Copa Sul-Americana de 2024, culminando no vice-campeonato, não surpreendeu totalmente. Embora a expectativa por um bom desempenho de clubes brasileiros seja usual, a trajetória do time mineiro, especificamente na final contra o Racing, expôs claramente uma realidade: a equipe não se apresentava como uma força dominante.
De fato, o clube atravessa um período que podemos definir como uma ?entressafra tática?. Com o término do ciclo do técnico Fernando Seabra, focado na objetividade e na eficiência ofensiva, o Cruzeiro iniciou a implementação de uma filosofia completamente distinta sob a batuta de Fernando Diniz. Este último preza por um estilo de jogo ofensivo, com ênfase na posse de bola e na qualidade técnica em todas as áreas do campo.
A transição para este novo modelo tático se mostrou evidente no confronto contra o Racing. A equipe apresentou fragilidades compatíveis com a fase inicial de adaptação ao sistema de Diniz. No primeiro tempo, a falta de compactação entre os setores permitiu que o adversário demonstrasse sua superioridade tática.
Desempenho Oscilante: Brasileirão e Sul-Americana
A melhora no segundo tempo, com chances de igualar o placar, foi insuficiente. A organização tática, ainda incipiente, se apoiava em ações individuais, com cada jogador buscando a vitória de forma isolada, sem uma sinergia coletiva eficaz.
O sistema tático proposto por Diniz é intrincado, exigindo tempo e treino para ser aplicado com maestria. A derrota para o Racing, portanto, não deve comprometer o planejamento a longo prazo, mesmo diante da evidente confusão tática observada na partida.
Comparando com a campanha anterior, o Cruzeiro não conseguiu replicar o mesmo nível de desempenho que o levou às quartas de final da Sul-Americana. Desde a chegada de Diniz, no segundo jogo das quartas, o retrospecto evidencia oscilações: dois empates, uma derrota e somente uma vitória (contra o Lanus).
Essa instabilidade se reflete também no Campeonato Brasileiro. A equipe ocupa a sétima posição, com 47 pontos, garantindo vaga na Pré-Libertadores de 2025. Em sete jogos sob o comando de Diniz, foram apenas uma vitória (contra o Criciúma, atualmente na zona de rebaixamento), quatro derrotas e dois empates.
A Complexidade do Modelo Tático de Diniz
Com quatro rodadas restantes, a vaga na competição internacional de 2025 precisa ser preservada. As oscilações eram esperadas, e apesar do aproveitamento aquém do esperado e da falta de organização, o risco de prejuízos significativos ao planejamento do clube é relativamente baixo.
A filosofia de jogo de Diniz se caracteriza pela construção das jogadas sem passes diretos entre os setores. Mas o conceito é mais profundo que simplesmente jogar com qualidade desde a saída de bola. A marcação alta, a concentração de jogadores em áreas específicas para superioridade numérica e a alternância de funções são exemplos da complexidade do sistema.
A contratação de Diniz na reta final de 2024 parece racional, considerando sua participação no planejamento para a próxima temporada. Embora seus resultados sejam tipicamente a médio ou longo prazo, espera-se que o time demonstre um melhor rendimento coletivo já no início de 2025, no Campeonato Mineiro.
Perspectivas e Riscos para o Futuro
No entanto, o otimismo precisa ser temperado com a realidade. Uma queda acentuada de rendimento nas últimas rodadas do Brasileirão poderia comprometer a participação em competições internacionais.
Em resumo, a transição tática do Cruzeiro sob o comando de Fernando Diniz é um processo que exige paciência e análise cuidadosa. Resultados imediatos não devem ser a única métrica para avaliar o sucesso da empreitada. O planejamento a longo prazo, a complexidade do sistema tático e a necessidade de adaptação da equipe são fatores cruciais a serem considerados.
O futuro dirá se a aposta em Diniz se justificará plenamente. Mas a trajetória atual, marcada por oscilações e um processo de aprendizagem, reflete a dificuldade inerente à implementação de um sistema tático tão elaborado.
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