Cruzeiro na Libertadores: O Recorde de Gols de 1976 que Dura Quase Meio Século

O retorno do Cruzeiro à Copa Libertadores, após um hiato de seis anos, reacende a memória de um legado impressionante. A Raposa carrega consigo uma marca que, desde a instauração do torneio em 1960, persiste inabalável: nenhum outro clube superou a impressionante quantidade de gols que o time celeste anotou em uma única edição.

Foi no ano de 1976, em sua primeira consagração continental, que o bicampeão da América estabeleceu este feito notável, balançando as redes adversárias por 46 vezes. Um registro que, passados 49 anos, ainda ecoa como um testemunho da potência ofensiva daquela equipe, e que se mantém intocado na história da competição.

Aquele triunfo, além de gravar o nome do Cruzeiro nos anais do futebol sul-americano com um recorde de gols, representou conquistas de valor inestimável para o cenário nacional. A equipe mineira se tornou a segunda agremiação brasileira a erguer a cobiçada "Glória Eterna", um feito até então exclusivo do Santos de Pelé. Adicionalmente, o Cruzeiro foi o único representante do Brasil a sagrar-se campeão do torneio durante toda a década de 1970, superando, por exemplo, o São Paulo, que havia chegado à decisão em 1974, mas fora superado pelo Independiente-ARG.

O Legado Insuperável: O Recorde de Gols do Cruzeiro na Libertadores

A jornada que culminou nesta marca histórica e no primeiro título continental teve suas particularidades. Naquele período, a Confederação Sul-Americana de Futebol limitava a participação a apenas duas equipes por nação, com a Argentina sendo a única exceção, qualificando três clubes: River Plate, Estudiantes e o então campeão vigente, Independiente.

O formato da fase de grupos previa cinco chaves, cada uma composta por dois representantes de um mesmo país, enfrentando adversários de outra nação. Desta forma, o Cruzeiro e o Internacional, os dois brasileiros, integraram o Grupo 3, ao lado do Olimpia e do Sportivo Luqueño, ambos do Paraguai.

A performance do clube estrelado nesta etapa foi quase impecável. Com cinco vitórias e apenas um empate em seis confrontos, a Raposa assegurou a liderança da chave. É crucial notar que, pelas regras da época, somente o primeiro colocado de cada grupo garantia acesso direto às semifinais, enquanto o Independiente, por ser o detentor do título, tinha vaga assegurada sem passar pela fase classificatória.

A Trajetória Impecável: Dominando a Fase de Grupos de 1976

Na subsequente fase semifinal, os seis classificados foram distribuídos em dois grupos triangulares. O Cruzeiro compôs o Grupo 1, medindo forças com LDU-EQU e Alianza Lima-PER. Paralelamente, no Grupo 2, estavam Independiente, River Plate e Peñarol. Apenas os líderes de cada chave avançariam para a grande decisão, e assim, Cruzeiro e River Plate se credenciaram para o confronto final.

O embate decisivo começou no Gigante da Pampulha, o Mineirão, onde a equipe celeste proporcionou um espetáculo de superioridade, goleando os argentinos por 4 a 1. Os tentos celestes foram anotados por Nelinho, Palhinha (duas vezes) e Valdo, enquanto Más descontou para o River.

No confronto de volta, em solo argentino, o River Plate conseguiu reverter a situação, vencendo por 2 a 1, com gols de Juan López e González. Mais uma vez, Palhinha deixou sua marca para a Raposa, mantendo a esperança.

A Grande Decisão: Cruzeiro x River Plate em 1976

A vitória argentina levou a disputa para um terceiro e derradeiro encontro, conforme as regras da época. Em campo neutro, no Estádio Nacional de Santiago, Chile, o esquadrão celeste sagrou-se campeão em um confronto épico, selado nos minutos finais com um gol memorável de falta do meia Joãozinho. Nelinho e Eduardo também contribuíram com gols para o Cruzeiro , enquanto Más e Urquiza marcaram para o River, em uma partida que eternizou o primeiro título da Raposa e o seu recorde de gols, mantendo vivo o brilho de uma das maiores campanhas da história da Copa Libertadores.