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Ex-Cruzeiro Brilha na Ásia: Bissoli Revela Saída Polêmica do São Paulo e Futuro
Por Redação Raposa Azul em 24/07/2025 12:12
Guilherme Bissoli, atacante com passagens notáveis por clubes brasileiros como Athletico-PR, Avaí, Ceará e, brevemente, Cruzeiro, experimenta atualmente o ápice de sua trajetória profissional no futebol tailandês. Como uma figura central no Buriram United, o jogador se consolidou como um dos grandes destaques do campeonato local. Sua performance não apenas o alçou ao estrelato na Ásia, mas também reacendeu discussões sobre seu passado no Brasil, incluindo sua conturbada despedida do São Paulo, ainda no início de sua carreira.
A chegada de Bissoli à Tailândia ocorreu no início do ano anterior, após sua saída do Ceará para integrar o elenco do Buriram United. Ele contribuiu para a conquista do título nacional na temporada 2023/2024, mas é na campanha atual que sua presença se tornou ainda mais proeminente. Seus números são impressionantes: 43 gols e nove assistências em 61 partidas disputadas. Essa marca o estabeleceu como o artilheiro isolado do Campeonato Tailandês, com uma vantagem de oito gols sobre Chrigor, outro atleta brasileiro.
Os feitos de Bissoli o posicionam entre os jogadores brasileiros com maior número de gols globalmente, considerando o período entre julho de 2024 e junho de 2025, que abrange a maior parte das temporadas internacionais. Em uma comparação notável, Guilherme superou, por exemplo, Raphinha, atacante do Barcelona, com cinco gols a mais neste recorte. Ele monitora esses dados, mesmo que passivamente:
? Acompanho (esses números) porque o pessoal acaba me marcando nas redes. Não vou atrás, mas acabo sabendo. Sei que é algo importante, principalmente estando na Tailândia, que talvez não seja tão bem vista pelo público na América do Sul. Fortalece um pouco. Fico muito feliz com a temporada, com os primeiros meses do ano passado também.
O Dominador Asiático: Números e Ambições de Bissoli
O Buriram United sagrou-se campeão com 70 pontos, apenas um à frente do Bangkok United. Na Liga dos Campeões da Ásia, a equipe alcançou sua melhor campanha histórica, sendo eliminada nas quartas de final pelo Al Hilal, da Arábia Saudita. Bissoli demonstra franqueza ao avaliar a liga doméstica, mas revela satisfação com o nível dos torneios continentais. Embora almeje explorar outras ligas, o atacante firmou um novo contrato com o Buriram até o final de 2028.
? Me surpreendi muito. Vim com expectativa mais baixa, porque no Brasil se fala pouco do futebol na Tailândia. Eu tinha essa insegurança quando eu vim, mas me surpreendi muito com o clube, com os campeonatos. A liga tailandesa é um pouco desproporcional, com alguns times de nível bom, como o Buriram, com outros que não conseguem manter o mesmo nível. Os torneios da Ásia têm qualidade bem alta, estou gostando.
Apesar do conforto e do sucesso, o atacante não esconde suas ambições futuras, vislumbrando mercados de maior visibilidade no cenário asiático antes de um eventual retorno ao Brasil:
"Gosto muito do Buriram, pretendo ficar aqui por algum tempo, mas tenho vontade de jogar em ligas maiores, como China, Japão, Coreia, Arábia. Quem sabe eu consiga isso e ter um tempinho para voltar ao Brasil."
A seguir, uma visão detalhada dos números de Guilherme Bissoli na temporada e sua comparação com outros nomes do futebol:
Estatística da Temporada (2024/25) | Guilherme Bissoli (Buriram United) |
---|---|
Gols Totais | 43 |
Assistências | 9 |
Partidas Disputadas | 61 |
Artilharia do Campeonato Tailandês | Líder isolado (8 gols à frente do 2º) |
Comparativo com Raphinha (Barcelona, Jul/24-Jun/25) | Bissoli tem 5 gols a mais |
A Controvertida Partida do Tricolor Paulista
Formado nas categorias de base do São Paulo, Bissoli chegou ao clube em 2009, vindo do XV de Jaú, e permaneceu até 2018. Ele era considerado uma das maiores promessas da equipe, com números expressivos, especialmente durante sua passagem pela categoria Sub-17. Foi no São Paulo que o atleta assinou seu primeiro contrato profissional, com validade de três anos, conforme a Lei Pelé. No entanto, a relação entre sua equipe de representação e o clube deteriorou-se durante o processo de renovação contratual.
Embora o Tricolor detivesse a prioridade de renovação por ser o clube formador do atacante, as partes não chegaram a um consenso. Sem a possibilidade de assinar com outra agremiação brasileira, Bissoli transferiu-se para o Fernando de la Mora, do Paraguai, em 2019. No ano seguinte, o jogador rumou para o Athletico-PR, que já havia demonstrado interesse em sua contratação durante o período de litígio com o São Paulo. A diretoria paulista cogitou acionar a Justiça para buscar compensação, mas os clubes, eventualmente, firmaram um acordo, e o Tricolor manteve um percentual dos direitos econômicos do atleta.
Sete anos após sua saída do CT da Barra Funda, o atacante justifica sua decisão e afirma não ter arrependimentos:
? Foi uma decisão minha ir para o Athletico, na época. O São Paulo sempre teve grandes jogadores, para quem sobe da base é um pouco difícil se consolidar, ter oportunidades. Na época, o São Paulo estava em uma fase não tão boa, com uma pressão muito grande. Depois fui para o Athletico, sempre tive muitas oportunidades. Me destaquei, com algumas participações importantes em Libertadores e Sul-Americana.
Cruzeiro e a Trajetória no Futebol Nacional
A mudança para o Athletico-PR, segundo Bissoli , foi um divisor de águas em sua carreira no Brasil. Ele conseguiu maior visibilidade e tempo de jogo, algo que lhe faltou no São Paulo. Suas principais temporadas no futebol brasileiro foram em 2021 e 2022, quando se destacou por Athletico-PR e Avaí. Mesmo com o rebaixamento do clube catarinense no Campeonato Brasileiro, o atacante brigou pela artilharia e encerrou a competição como o quarto maior goleador, com 14 gols, atrás apenas de Cano, Pedro Raul e Calleri.
"Para minha carreira, foi muito bom. Dei esse salto em termos profissionais. Tive um pouco de minutagem com o São Paulo, mas pequena. No Athletico eu consegui aparecer mais. Depois fui para o Cruzeiro , fiquei pouco porque o Athletico pediu meu retorno. Acho que as coisas aconteceram no tempo certo, não me arrependo de nada."
Sobre sua passagem pela Raposa, o atacante lamenta não ter conseguido deixar uma marca mais duradoura, devido ao curto período em que esteve no clube. O Athletico-PR solicitou seu retorno antes que pudesse consolidar-se em Belo Horizonte. Ele reflete sobre a dificuldade de um atacante manter a regularidade no cenário nacional e a forte concorrência:
? Não sei se faltou alguma coisa. Na maioria dos clubes eu consegui deixar uma marca. Talvez no Cruzeiro , pelo pouco tempo, acredito que poderia ter conseguido deixar uma imagem maior. Tive poucos jogos, fiquei mais ou menos dois meses. No Athletico tive grandes momentos, fui campeão, artilheiro do Paranaense. No Avaí talvez tenha sido o maior destaque, por ter disputado a artilharia do Brasileiro. Atacante no Brasil é difícil, porque precisa de uma regularidade muito alta para jogar sempre, sempre estar bem. Isso acabou me prejudicando um pouco. Tinha uma sequência boa, mas sempre com concorrentes muito bons, que dificultaram ter uma sequência total, ser titular absoluto. O tempo que passei no Brasil foi bom, gostaria de ter feito um pouco mais, mas quem sabe um dia eu volte para deixar uma marca maior ainda.
A Vida de Atleta no Sudeste Asiático: Adaptação e Estrutura
A decisão de se mudar para a Tailândia foi impulsionada por uma combinação de fatores, incluindo o contato com Diogo, ex-atacante do Buriram e com passagem pelo Flamengo, que compartilhou suas experiências positivas. Além disso, o desejo de vivenciar o futebol internacional e os atrativos financeiros, potencializados pela valorização do dólar, foram decisivos:
? Eu estava no Ceará, tinha chegado há pouco tempo, mas por coincidência de algumas relações, teve um ex-jogador do Buriram, o Diogo, atacante que jogou no Flamengo, que entrou em contato comigo e com meus empresários. Disse que o clube estava precisando de um atacante, me passou o que viveu nos quatro, cinco anos aqui, sobre o clube, a liga, sobre morar aqui. Eu estava com o interesse de jogar fora do Brasil, até mesmo para conhecer novos lugares, novas ligas, ver o futebol fora do Brasil. Financeiramente é muito bom, ajuda o fato de o dólar estar cada vez mais alto. A somatória me fez tomar essa decisão. Fui muito feliz, eu acho.
A adaptação de Bissoli ao país asiático foi surpreendentemente tranquila, facilitada pela receptividade da população local e pela familiaridade com alguns aspectos culturais. Seu domínio do inglês, aprimorado por um curso prévio no Brasil, também contribuiu significativamente:
? Eu me surpreendi muito com o estilo de vida do pessoal, que é similar ao brasileiro. O tailandês gosta de brincadeira, então fui muito bem recebido, bem tratado. As pessoas foram muito abertas, e isso facilitou a adaptação ao país. A alimentação tem algumas diferenças, mas acabo comendo em casa, em um ou outro restaurante, mas comemos coisas mais tradicionais, como hambúrguer e pizza, comida japonesa... aqui só não tem churrasco, mas a gente faz. Adaptação foi tranquila. A maior parte da população fala inglês, o que acaba ajudando. Como eu tinha o desejo de sair do país, fiz um curso de quase um ano no Brasil, o que ajudou. Foi bem tranquilo desde a chegada.
Em relação às premiações, Bissoli confirma que o cenário asiático oferece compensações financeiras superiores às do Brasil. Embora China e Japão possam ter valores ligeiramente mais altos, a diferença não é substancial, caracterizando um padrão de remuneração vantajoso em toda a região. A estrutura do Buriram United também é elogiada, embora com ressalvas em comparação a algumas modernidades brasileiras. O clube possui um centro de treinamento na capital, Bangcoc, utilizado antes dos jogos, e outro na cidade de Buriram, com dois campos e espaços funcionais, além de um CT para as categorias de base. O calendário, por sua vez, tornou-se mais apertado com a inclusão de uma nova Copa, mas a pausa em datas FIFA oferece um alívio.
? Aqui realmente é bom, bem superior ao Brasil nessa questão de premiação de jogo. Junta com a questão do dólar, multiplica. Na China e no Japão acho que pagam um pouco mais, mas a diferença também não é grande. Tive algumas ofertas de clubes do Japão e da Coreia, bem similares ao daqui. Realmente é bom, acho que é padrão em toda a Ásia.
? Tem uma estrutura boa. Buriram é afastado de Bangkok, e como temos muitos jogos por lá, o presidente fez um CT lá. Temos um na capital, viajamos um ou dois dias antes de jogar. Lá tem dois campos, um espaço parecido com o da Toca, apesar de um pouco menor. Próximo de jogos também treinamos no estádio para reconhecimento, nos outros dias temos o CT nosso, além de ter um CT da base. Aqui é bem servido. Claro que algumas coisas no Brasil são mais modernas, no próprio Cruzeiro , sobre aparelhagem e quartos, mas acho que tem muito a ver com o povo daqui. É um povo que não tem tanta vaidade, como tem no Brasil, mas temos tudo que precisamos.
? Este ano aqui acabou começando uma outra Copa, então o calendário ficou um pouco mais justo. Na Data Fifa aqui os jogos param, então temos uma pausa de 10, 12 dias sem jogos. Temos uma folga de três dias, então dá para viajar, conhecer algumas ilhas próximas. Fora dessas datas, aqui está bem parecido com o Brasil. Ficamos dois meses diretos sem folga.
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