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Keny Arroyo no Cruzeiro: Perfil, Desafios e o Risco de R$ 50 Milhões
Por Redação Raposa Azul em 02/09/2025 03:12
O Cruzeiro oficializa a chegada de Keny Arroyo, um jovem de 19 anos, para integrar seu elenco na atual temporada. A aquisição, que representa um investimento substancial de aproximadamente R$ 50 milhões, vincula o jogador ao clube até o final de 2029. No entanto, a chegada do atleta levanta questionamentos pertinentes: qual é o verdadeiro perfil de "Cheche", seu apelido, dentro e fora dos gramados? Como ele se encaixa no esquema tático de Leonardo Jardim? Para desvendar essas incógnitas, consultamos especialistas equatorianos que acompanharam de perto a ascensão e os primeiros passos de Arroyo no futebol profissional.
A jornada de Arroyo começou no Independiente del Valle, um celeiro de talentos que revelou nomes como Moisés Caicedo e Willian Pacho, hoje consolidados no cenário europeu. Foi sob o comando do técnico argentino Martín Anselmi, que em breve pode ser anunciado no rival Atlético-MG, que o jovem fez sua estreia. Entre 2023 e 2024, sua passagem pelo clube equatoriano registrou 38 jogos, com quatro gols e oito assistências, números que indicam seu potencial ofensivo.
Arroyo: Habilidade, Verticalidade e a Comparação com Gonzalo Plata
Victor Bonilla, renomado jornalista equatoriano, destaca as características que fazem de Arroyo um jogador promissor. Segundo ele, a capacidade de desequilibrar no embate individual é um de seus maiores trunfos.
"É um ponta canhoto, que joga pela direita, o que o permite buscar chute a partir da perna dominante. Destaca-se por suas fintas, desenvolvimento em campo e verticalidade, qualidades que fazem dele um jogador desequilibrante no um contra um mesmo sendo novo."
A visão é corroborada por Jesús Alencastro, do Studio Futbol Web, que ressalta a habilidade, velocidade e agressividade do jogador no ataque. Alencastro vai além, traçando um paralelo com outro nome conhecido no futebol brasileiro, Gonzalo Plata, do Flamengo.
"Um extremo com muita habilidade, muito drible, muita movimentação. Um bom chute de esquerda. Com os devidos cuidados, parece Gonzalo Plata em muitos aspectos. Primeiro pela ida conflitiva para a Europa, caso do Plata no Valladolid, e ele no Besiktas. E foram para o Brasil para buscar o melhor momento."
A paixão pelo jogo ofensivo também é um traço marcante na personalidade de Arroyo, conforme Alencastro.
"Seu futebol é muito ofensivo, muito divertido e alegre. Cheche é um extremo atrevido, que encara, que gosta de jogos ofensivos, como no Cruzeiro ."
Ascensão na Seleção Equatoriana e Destaque nas Categorias de Base
O desempenho de Arroyo não passou despercebido pelos observadores da seleção principal do Equador. Aos 18 anos, ele fez sua estreia, somando duas partidas, apesar de ainda não ter tido oportunidades consistentes como titular. Contudo, é unanimemente considerado um atleta com futuro promissor na equipe nacional.
"Uma promessa do Del Valle. Mas foi um jogador que ganhou a confiança, conseguiu jogar pelos dribles poderosos, velocidade, atrevido. Não teve muitas chances de ser titular na Seleção, mas na base foi muito bem. Sempre se soube que seria uma das promessas do futebol equatoriano. Na principal não teve tantas chances, mas na base sempre provou que poder ser um jogador importante."
Sua trajetória nas seleções de base é particularmente notável. Arroyo brilhou no Sul-Americano Sub-17, onde marcou três gols, e novamente no Sub-20, contribuindo com um gol e uma assistência. Victor Bonilla sublinha a importância dessas atuações para a percepção de seu potencial.
"Nas seleções de base, já mostrou caráter e peso decisivo em jogos importantes: brilhou no Sul-Americano Sub-17 com três gols e, no Sub-20, voltou a ser protagonista com um gol e uma assistência. Esse rendimento o fez estrear com 18 anos pela seleção principal, reflexo do seu potencial que veem os técnicos da seleção tricolor."
O Desafio do Comportamento: A Passagem Pelo Besiktas e o Futuro no Cruzeiro
Antes de chegar ao Cruzeiro , Arroyo teve uma passagem pela Europa, defendendo o Besiktas, da Turquia. Vendido por seis milhões de euros, o jogador recebeu a camisa 10, mas não conseguiu replicar o mesmo sucesso de sua fase inicial. Foram 14 jogos e apenas dois gols marcados, um desempenho aquém das expectativas.
Para Jesús Alencastro, a adaptação ao futebol brasileiro, conhecido por seu caráter ofensivo, não será o principal obstáculo. O verdadeiro desafio para Keny, segundo o jornalista, reside na maturidade de suas escolhas e em seu comportamento, tanto dentro quanto fora de campo.
"No Cruzeiro , que é um time ofensivo, não vai ter tempo de adaptação. Geralmente, no Brasil, os times são ofensivos, agressivos. Mas não terá problema (de adaptação). Vai ajudar nisso. Ele tem que melhorar mesmo na tomada de decisões e no comportamento dentro e fora de campo. A questão de ser rebelde e atrevido em campo também reverbera fora de campo, como aconteceu no Besiktas, com Solksjaer."
Victor Bonilla compartilha da mesma análise, enfatizando a necessidade de aprimoramento em pontos cruciais para a consolidação do atleta no alto nível.
"Sua passagem no futebol europeu, com o Besiktas, estava em construção. Mas tudo indica que houve indisciplina por lá, sem sabermos muitos detalhes. Deve ganhar regularidade, disciplina e melhorar as finalizações para se consolidar no mais alto nível."
A chegada de Keny Arroyo ao Cruzeiro , portanto, é um misto de esperança e cautela. O clube investe em um talento bruto, com capacidade comprovada de desequilíbrio e uma trajetória promissora nas seleções de base. Contudo, a necessidade de lapidação comportamental e aprimoramento em aspectos decisórios serão cruciais para que o jovem equatoriano atinja seu potencial máximo e justifique o vultoso investimento realizado pela Raposa.
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