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Leonardo Jardim e o Mistério das Substituições no Cruzeiro: Análise Exclusiva
Por Redação Raposa Azul em 19/08/2025 05:13
O desempenho do técnico Leonardo Jardim no comando do Cruzeiro, especialmente após o empate com o Mirassol, na última segunda-feira (18), pela 20ª rodada do Campeonato Brasileiro, tem gerado discussões. A partida, disputada no interior paulista, marcou a sétima ocasião consecutiva em que o treinador português optou por não realizar as cinco alterações permitidas ao longo do confronto. Essa persistência em não esgotar as opções de banco levanta questões sobre a gestão do elenco e a visão tática do comandante.
Desde que assumiu a liderança técnica da Raposa em fevereiro de 2025, Jardim esteve à frente da equipe em 33 embates. Curiosamente, em apenas 18 desses jogos, o que corresponde a 54,5% do total, ele fez uso de todas as cinco substituições disponíveis. Esse índice sugere uma preferência por manter a formação inicial ou por realizar mudanças mínimas, mesmo em contextos de desgaste ou necessidade de novas dinâmicas em campo. A última vez que a equipe viu todas as vagas de substituição preenchidas foi na expressiva vitória por 4 a 0 sobre o Juventude, em partida válida pela Série A do Campeonato Brasileiro.
O Padrão de Substituições de Leonardo Jardim Revelado
A distribuição das partidas em que Jardim utilizou o máximo de substituições é notável: foram 10 confrontos pelo Campeonato Brasileiro, seis pela Copa Sul-Americana, um pela Copa do Brasil e um pelo Campeonato Mineiro. Essa diversidade de competições onde o padrão foi quebrado indica que, em situações específicas, o treinador se sente à vontade para explorar todas as ferramentas disponíveis no banco de reservas. No entanto, o recente embate contra o Mirassol exemplificou a tendência inversa, com apenas duas intervenções no time ao longo do segundo tempo.
As alterações contra o Mirassol foram pontuais: Matheus Henrique ingressou no lugar de Walace aos 25 minutos da etapa final, e Lautaro Díaz substituiu Wanderson aos 37. Essa parcimônia nas mudanças ocorreu em um cenário de desfalques significativos para o Cruzeiro . O elenco contava com as ausências de William, Fagner e João Marcelo, todos por lesão, além de Kaiki, Lucas Romero e Christian, suspensos. Adicionalmente, Marquinhos sentiu um desconforto e também não pôde ser acionado, limitando ainda mais as alternativas no banco.

Estratégia ou Limitação? A Visão do Treinador Celeste
Após o jogo, o próprio Leonardo Jardim abordou a questão das substituições, oferecendo uma perspectiva sobre suas escolhas. Ele enfatizou as dificuldades impostas pelas lesões e a necessidade de gerenciar o grupo disponível. O técnico analisou o contexto da partida e suas decisões em entrevista:
?Nas substituições, mais do que da ordem estratégica, foi ver como eles aguentavam para a gente mudar. Com certeza que se tivéssemos hoje mais um meio-campista no banco, eu tinha tirado o Lucas (Silva) mais cedo, que estava com dificuldade. Eu tinha tirado um lateral-esquerdo e um direito, porque já estavam com alguma dificuldade. Eu não podia gastar as substituições antes de terminar o jogo?
Jardim prosseguiu, detalhando o raciocínio por trás da cautela:
?Se eu faço as substituições antes, depois, o Prates, como foi contra o Fluminense, poderia me fazer aquele sinal (de substituição), o Jonathan na direita também. Tivemos que gerir até aguentar o fim. Quando chegou a cinco minutos do fim, já não tínhamos nada para fazer. Eles foram aguentando, no sofrimento, na dor. Foi isso que disse aos jogadores. Hoje não foi um grande jogo de futebol, foi mais no sofrimento. Tivemos muitas limitações e essas limitações tivemos que gerir da forma que gerimos?
A Gestão do Elenco e os Limites Físicos
O treinador celeste também fez menção à condição física de alguns atletas, indicando que a limitação de tempo de jogo de certas peças influenciou suas decisões. Ele citou exemplos específicos:
?Sabíamos que havia jogadores que não têm jogado que não aguentariam mais que 60 minutos. O Walace aguentou o tempo de 60, 65 minutos. Depois, entrou o (Matheus) Henrique no corredor para ajudar. Depois o Wanderson. Esperamos pelos outros, ainda bem que não aconteceu?
Concluindo sua linha de raciocínio, Jardim defendeu a maneira como conduziu as substituições, argumentando que qualquer outra abordagem poderia ter sido ainda mais prejudicial ao resultado final:
?Eu acho que acabamos por gerir da melhor forma, porque se eu tivesse que meter o Gamarra na lateral esquerda ou alguém na lateral direita, talvez o Murilo, se tivesse que fazer essas trocas e se tivessemos perdido o jogo, toda a gente diria que não tenho as soluções?
Essa análise de Leonardo Jardim sublinha uma tensão constante entre a necessidade de preservar atletas e a urgência de buscar melhores desempenhos em campo. A gestão de um elenco afetado por lesões e suspensões, aliada à visão de não "gastar" as substituições prematuramente, configura um dilema tático que continua a pautar as discussões sobre o Cruzeiro .
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