Pezzolano no Cruzeiro: A Missão Oculta e o Adeus Inesperado

A trajetória de Paulo Pezzolano à frente do Cruzeiro, entre os anos de 2022 e 2023, permanece como um capítulo singular na história recente do clube. O técnico uruguaio não apenas orquestrou o retorno da equipe à elite do Campeonato Brasileiro, mas também conquistou a admiração de uma parcela significativa da torcida, deixando uma marca indelével em Belo Horizonte.

Em depoimento recente concedido ao portal The Coaches Voice, o próprio Pezzolano revisitou os primórdios de sua jornada na capital mineira. Ele revelou que sua incumbência ia muito além da mera ascensão à Série A, após duas temporadas de profundo desapontamento. Para o treinador, o desafio primordial consistia em implementar uma metodologia de jogo audaciosa e verdadeiramente inovadora.

Conforme suas próprias palavras, a ascensão à primeira divisão era um imperativo categórico para uma instituição da envergadura do Cruzeiro . Ele pontuou:

A promoção não era necessária, mas sim uma obrigação para um clube com uma das maiores torcidas do Brasil: 10 milhões de torcedores e 60 mil pessoas no estádio a cada partida.

A ambição de Pezzolano, apelidado de ?Papa?, transcendia a simples conquista do objetivo imposto. Ele aspirava a uma transformação mais profunda, como explicitou:

No entanto, para mim, simplesmente conseguir a promoção não era suficiente. Queríamos impor um estilo de jogo que muitos acreditavam impossível naquele campeonato. Futebol de alta intensidade e domínio, mesmo em campos encharcados, como costuma acontecer na Segunda Divisão do Brasil, onde o jogo é disputado em áreas com muita chuva.

A Metamorfose Tática e o Triunfo Incontestável

De fato, Pezzolano materializou seus propósitos e colheu os frutos de sua abordagem. Com uma performance notavelmente superior à dos seus oponentes na competição, o Cruzeiro arquitetou uma campanha exemplar, culminando no título da Série B daquele ano. Os números falam por si, evidenciando o domínio exercido pela equipe:

Contudo, a repentina desvinculação de Pezzolano, ocorrida em março de 2023, apanhou grande parte da torcida celeste desprevenida. A despeito do espanto inicial, a resolução partiu do próprio comandante, que a classificou como um ato de estrita ?racionalidade?.

Ao rememorar aquele momento, o técnico ofereceu sua perspectiva sobre a escolha:

O normal seria continuar no Cruzeiro e aproveitar a experiência de comandar esse gigante na Primeira Divisão. Mas sou um treinador que não toma decisões apenas com o coração, mas também com a cabeça. Depois da promoção, houve mudanças internas e sabíamos que não seria fácil. Então, anunciei minha saída, mas com o maior respeito à diretoria e à torcida do clube.

O Adeus Ponderado e a Trajetória Pós-Raposa

A formalização do pedido de desligamento por Pezzolano se deu na sequência da eliminação da equipe no Campeonato Mineiro daquela mesma temporada. Em seu balanço geral, a passagem do técnico pelo clube totalizou 68 confrontos, com um registro de 38 triunfos, 13 igualdades e 17 revezes.

Imediatamente após sua saída de Belo Horizonte, o ?Papa? assumiu o comando técnico do Valladolid, na Espanha, equipe que, notavelmente, também integrava o portfólio de Ronaldo, o mesmo gestor que supervisionou o trabalho de Pezzolano no Cruzeiro . Sua permanência no clube espanhol estendeu-se por três temporadas, um período marcado por oscilações de desempenho.

Atualmente, desde maio do presente ano, Pezzolano encontra-se à frente do Watford, onde disputa a Championship, a desafiadora segunda divisão do futebol inglês.