Walace Volta aos Campos: O Que Explica a Tática de Jardim no Cruzeiro e o Futuro do Volante?

A estratégia do técnico Leonardo Jardim para o meio-campo do Cruzeiro sempre esteve delineada. Em declarações anteriores, o comandante português articulou os motivos para a utilização parcimoniosa de Walace, um jogador que, apesar do investimento significativo, encontrou desafios em se ajustar aos preceitos táticos da equipe. A explicação de Jardim lança luz sobre o panorama de um atleta talentoso, mas que ainda busca sua plena sintonia com o esquema celeste.

Jardim, em entrevista concedida anteriormente, detalhou a incompatibilidade percebida entre seu modelo de jogo e as características do volante. "Os meus dois volantes que normalmente jogam são volantes com alguma dimensão em termos de projeção de jogo, que têm algum deslocamento. A gente vê o Lucas, que entra na área, o Romero que aparece em alguns momentos mais verticais", afirmou o técnico. Ele prosseguiu, descrevendo o papel ideal de Walace : "O Walace é um jogador mais cabeça de área. O Walace é aquele tipo de volante que, normalmente, funciona na posição 6. A gente jogando com dois volantes, às vezes não é bem aquela característica que ele pertence. Por isso ele tem sido menos utilizado do que outros." Esta análise tática é fundamental para compreender o posicionamento do jogador no elenco.

O Enigma Tático de Walace no Meio-Campo Celeste

Após um período de afastamento dos gramados, Walace reapareceu nas duas últimas partidas do Cruzeiro, contra Atlético e Fortaleza, pelo Campeonato Brasileiro da Série A. Embora as aparições tenham sido breves, elas representam um retorno à atividade em campo, encerrando um hiato de mais de um mês sem atuar em confrontos oficiais da Raposa. Essa reintegração, ainda que gradual, sugere uma possível reavaliação ou uma necessidade pontual do elenco .

Nos duelos mencionados, o meio-campista foi acionado por Leonardo Jardim nos segundos tempos, desempenhando papéis específicos. Diante do Atlético, sua entrada substituiu Lucas Romero nos instantes finais, com a clara missão de fortalecer a retaguarda celeste na bola aérea e preencher espaços, dada a desvantagem numérica da equipe. Contra o Fortaleza, o cenário foi similar: Walace entrou no lugar de Christian para colaborar na contenção defensiva enquanto o adversário intensificava a pressão em busca do empate.

A somatória do tempo em campo nessas duas ocasiões totalizou apenas 14 minutos, com atuações descritas como discretas. Tais participações, embora pontuais, marcam o fim de um período de inatividade competitiva para o volante, que, apesar de frequentemente relacionado, não era utilizado.

O Retorno Discreto e o Período de Ausência

O afastamento de Walace das partidas oficiais da Raposa estendeu-se por mais de um mês. Sua última atuação antes desses recentes jogos havia sido em 11 de setembro, na vitória por 2 a 0 sobre o Atlético, válida pela volta das quartas de final da Copa do Brasil. Desde então, o atleta permaneceu no banco ou sequer foi relacionado em algumas ocasiões, aguardando uma nova oportunidade.

Curiosamente, mesmo em um momento de necessidade, Walace não foi a opção preferencial. Quando Lucas Romero , titular da posição, ficou suspenso para o confronto contra o Sport, a comissão técnica optou por escalar Lucas Silva como primeiro volante, com Eduardo atuando na segunda função, evidenciando a persistência da visão de Jardim sobre o perfil tático ideal para o setor.

A última vez que o ex-Grêmio iniciou uma partida com a camisa estrelada foi em 18 de agosto, no empate por 1 a 1 com o Mirassol. Desde então, sua presença no time titular tornou-se cada vez mais rara, levantando questionamentos sobre seu futuro e adaptação ao clube.

O Investimento e a Busca por Consolidação

Walace chegou ao Cruzeiro em julho de 2024, como uma das primeiras e mais expressivas contratações sob a gestão de Pedro Lourenço. O investimento considerável feito junto à Udinese-ITA sinalizava a expectativa de que o volante seria um pilar fundamental no meio-campo celeste. No entanto, sua trajetória até o momento ainda não correspondeu plenamente a essa projeção inicial.

A performance do jogador desde sua chegada reflete a dificuldade de consolidação:

A expectativa em torno de Walace permanece elevada, dada sua qualidade técnica e o valor investido. Contudo, seu uso intermitente e as justificativas táticas do treinador apontam para um desafio contínuo de adaptação e de busca por um papel mais protagônico dentro do esquema do Cruzeiro . O retorno aos gramados, mesmo que breve, pode ser um primeiro passo em direção a uma maior regularidade.