Cruzeiro Desafia Prognósticos: Domínio Tático na Arena MRV Garante Vantagem na Copa do Brasil

Os confrontos eliminatórios, especialmente clássicos, frequentemente desafiam qualquer previsão. Contudo, em uma noite memorável, a equipe que ostenta o melhor momento no cenário atual impôs sua superioridade. Embora o adversário tenha demonstrado um ímpeto inicial, o controle da partida esvaiu-se progressivamente à medida que a Raposa ajustava sua estratégia no desfecho da primeira etapa. O resultado foi uma capitulação completa na segunda metade do jogo, integralmente dominada pelo arquirrival celeste.

Após o intervalo, a performance impecável de Fabrício Bruno e a precisão cirúrgica de Kaio Jorge resultaram nos tentos que estabeleceram uma confortável vantagem de 2 a 0 no embate. Este placar permite ao time azul até mesmo uma derrota por um gol de diferença no confronto de volta, que ocorrerá em duas semanas, para assegurar sua décima segunda participação na semifinal da Copa do Brasil.

A Disposição Inicial: Surpresas e Consistência

O técnico Cuca surpreendeu ao incluir Dudu no onze inicial, uma decisão que não era vista há mais de um mês, deixando Reinier no banco de reservas. A ausência de Lyanco foi mais uma vez sentida, com Vitor Hugo formando a dupla de zaga ao lado de Junior Alonso. No setor ofensivo, Dudu atuou pela ponta direita, Scarpa pela esquerda, e Cuello posicionou-se mais próximo de Hulk, centralizado. Por outro lado, Leonardo Jardim optou pela base da escalação que mais utilizou nos últimos meses, priorizando a continuidade.

Se a maioria dos duelos recentes entre os rivais foi marcada por um jogo truncado, pouca criatividade e excesso de faltas, a primeira etapa na Arena MRV apresentou um cenário distinto. Apesar da postura ofensiva de ambas as equipes, o Atlético-MG conseguiu ser mais incisivo e perigoso nos primeiros 25 minutos. No entanto, o Cruzeiro demonstrou capacidade de reação, equilibrando as ações até o apito do intervalo.

Nenhuma das equipes adotou uma postura especulativa, o que naturalmente abriu espaços no campo. O time da casa movimentou a bola com agilidade, saturando as proximidades da área cruzeirense com seus jogadores. Cuello foi frequentemente acionado nas transições iniciais, enquanto Dudu e Gustavo Scarpa geraram volume ofensivo através de combinações com os laterais. Alexsander aproximou-se eficientemente dos atacantes, e Hulk, como de costume, mostrou-se bastante participativo. O Galo criou boas oportunidades de finalização dentro da área na primeira metade do tempo inicial, mas pecou significativamente na qualidade de seus arremates.

A Virada Tática: O Ajuste Que Mudou o Jogo

Inicialmente, o Cruzeiro enfrentava dificuldades para estabelecer a distância correta de marcação em seu próprio campo, concedendo avanços ao adversário. Contudo, a defesa celeste demonstrou eficácia na proteção da área. Fabrício Bruno e Villalba foram cruciais, interceptando cruzamentos e bloqueando passes ou finalizações que poderiam ter se transformado em gols. O goleiro Cássio realizou defesas importantes em chutes cruzados de Guilherme Arana e Cuello.

Cuca realizou uma inversão tática nas funções de Cuello e Scarpa logo após os 15 minutos, buscando inibir os avanços de Lucas Silva. Scarpa passou a ser o marcador direto do meio-campista cruzeirense, enquanto Cuello assumiu a perseguição a William. Alexsander tinha Romero como alvo e Matheus Pereira era acompanhado de perto por Alan Franco. A Raposa, no entanto, parecia desconfortável com essas perseguições individuais e demonstrava pouca fluidez em sua fase ofensiva. Wanderson, pela esquerda, obteve vantagem sobre Natanael em alguns lances, mas as jogadas não ganhavam sequência para serem finalizadas. Vitor Hugo, por sua vez, destacou-se com cortes e desarmes, especialmente nos duelos contra Kaio Jorge dentro da área.

A estratégia de marcação adiantada emergiu como a principal arma do Cruzeiro antes do intervalo. Romero e Christian realizaram desarmes cruciais em Alexsander e Arana. Contudo, Kaio Jorge hesitou ao finalizar em uma dessas oportunidades, e em outra, seu chute saiu fraco, facilitando a defesa de Everson. Wanderson , por sua vez, elevou seu nível em relação a partidas recentes e levou perigo com uma finalização da entrada da área.

Domínio Celeste: Gols e Desorganização Rival

O aumento do tempo de posse de bola nos últimos 20 minutos da primeira etapa foi decisivo para que os visitantes diminuíssem a carga ofensiva dos anfitriões, que ficaram um bom tempo sem ameaçar a meta de Cássio . Cuca, na volta para o segundo tempo, trocou novamente as funções de Cuello e Gustavo Scarpa. O camisa 10 retornou ao lado esquerdo, e o argentino se reaproximou de Hulk por dentro.

O cenário do final do primeiro tempo se manteve no início da etapa complementar. Valorizando a posse e fazendo a bola girar, o Cruzeiro não apenas continuou freando o ímpeto atleticano, mas encontrou a situação ideal para abrir o placar logo aos quatro minutos. Diante de um adversário que marcava por encaixes e perseguições, as conduções dos zagueiros foram determinantes para gerar desequilíbrios. Fabrício Bruno fez exatamente isso na intermediária ofensiva e acertou um golaço no ângulo de Everson.

O Atlético-MG, de alguma forma, tentou retomar a agressividade após sofrer o gol, mas sem qualquer organização tática. Cuca não tardou a substituir Scarpa e Dudu , que caíram de produção após o início promissor. Reinier e Rony entraram em campo, mas mal tiveram tempo de gerar qualquer alteração na estrutura do time. Fabrício Bruno , novamente, foi decisivo antes dos 20 minutos. Ele venceu o duelo contra Junior Alonso na segunda trave e escorou de cabeça o escanteio cobrado por Wanderson . Kaio Jorge , desvencilhando-se de Natanael, marcou seu 18º gol em 2025. O contra-ataque estava oferecido aos visitantes, que se mostravam mais perigosos que os anfitriões e pareciam mais próximos do terceiro gol do que de sofrer um.

Vantagem Consolidada: A Impotência Alvinegra

O Galo sentiu profundamente os gols sofridos. Cuca tentou fazer o time reagir, inserindo Biel e Igor Gomes e retirando Cuello e Alan Franco. A equipe passou a ter quatro atacantes de ofício e um meia ofensivo, mas faltava uma ideia coletiva clara. Jogadores importantes, como Hulk, acumulavam erros e cediam transições rápidas ao time celeste. Tirando um chute de longe de Alexsander, Cássio foi pouco incomodado. Biel deu trabalho a William pela esquerda do ataque, e Hulk, apesar das dificuldades, não deixou de batalhar. Gabigol entrou no Cruzeiro e levou perigo em dois lances. Kaio Jorge , Matheus Pereira e Wanderson foram substituídos por Leonardo Jardim. Além de Gabriel Barbosa, Matheus Henrique e Eduardo participaram ativamente do triunfo celeste, consolidando uma vitória crucial fora de casa.