Walace no Cruzeiro: Por Que o Reforço Milionário Joga Tão Pouco?

A chegada de Walace ao Cruzeiro, no último ano, representou um dos investimentos mais significativos da SAF sob a gestão de Pedro Lourenço. Contratado por uma cifra que se aproxima dos R$ 42 milhões, o volante, que vinha de uma trajetória respeitável no futebol italiano pela Udinese, esperava-se que fosse um pilar no meio-campo celeste. Contudo, a realidade atual o coloca em uma posição de pouca relevância nas escolhas do técnico Leonardo Jardim, figurando entre as últimas opções para o setor.

A situação do atleta é notável: ele se aproxima de um mês sem pisar nos gramados e, desde a Copa do Mundo de Clubes, seu tempo em campo não ultrapassa os 100 minutos, considerando os acréscimos. Esse cenário contrasta fortemente com o montante desembolsado por sua aquisição, levantando questionamentos sobre o aproveitamento de um jogador de tal calibre e custo.

O Alto Investimento e a Bancada Inesperada

Adquirido em junho do ano anterior, Walace não conseguiu replicar na Toca da Raposa o desempenho que o destacou na Itália. Sua última participação foi em 9 de setembro, em um clássico, quando atuou por apenas sete minutos. Desde então, sua presença no campo tem sido nula, mesmo em momentos de necessidade da equipe.

No recente confronto contra o Sport, por exemplo, Walace permaneceu no banco de reservas, mesmo diante das ausências de Leonardo Jardim no meio-campo. Em um contexto onde Lucas Romero cumpria suspensão e, teoricamente, Walace seria seu substituto natural, o treinador optou por acionar outros nomes, como Christian e Ryan Guilherme, no decorrer da partida, evidenciando a perda de espaço do volante.

A ascensão de Ryan Guilherme , inclusive, é um indicativo da mudança de hierarquia no elenco. Com contrato válido até 2029 e o aval da comissão técnica, Ryan superou Walace na preferência do treinador. Além dele, Lucas Silva e Eduardo têm sido as escolhas primárias para as posições de volante, relegando o camisa 5 a um papel secundário.

A Perspectiva Tática de Leonardo Jardim

Questionado sobre a condição de Walace , Leonardo Jardim, há aproximadamente um mês, forneceu uma explicação clara sobre os motivos de sua pouca utilização. Embora tenha elogiado o jogador, o técnico ressaltou que suas características não se alinham perfeitamente ao esquema tático adotado pelo time, que privilegia dois volantes com funções específicas.

"O Walace é um jogador mais cabeça da área, e a gente está jogando com dois volantes. Às vezes não é bem aquela característica que eu procuro e, por isso, ele tem sido menos utilizado do que outros que conseguem proporcionar aquilo que é o meu método, que é a minha forma de jogar", explicou o treinador em entrevista à TV Band.

A declaração do comandante reforça a ideia de uma incompatibilidade tática, sugerindo que o potencial de Walace poderia ser melhor explorado em um sistema diferente. Uma citação complementar, presente na análise do treinador, corrobora essa visão:

"Com certeza, se o Wallace tivesse um treinador que organizasse a equipe de outra forma, poderia ser mais titular?

Um Histórico de Dificuldades e a Busca por Consolidação

A dificuldade de Walace em se firmar no Cruzeiro não é um fenômeno recente. Mesmo em temporadas anteriores, sob a batuta de Fernando Seabra e Fernando Diniz, o jogador não conseguiu consolidar uma posição de titular. Nesta temporada, sua participação se resume a 18 jogos, com um máximo de duas partidas consecutivas como titular e apenas três ocasiões em que permaneceu em campo por 90 minutos. No ano anterior, o registro foi de 17 partidas.

A tabela a seguir sumariza a participação de Walace nas últimas temporadas pelo Cruzeiro :

Enquanto o departamento médico do Cruzeiro intensifica os trabalhos para liberar jogadores antes de compromissos importantes, a situação de Walace permanece como um enigma tático a ser desvendado. O alto investimento em sua contratação e sua atual condição de reserva distante continuam a ser um ponto de debate no cenário celeste.